“DIREITA DESESPERADA E ODIENTA”

Por Luciano Elia*

Vamos parar de rodeios e dizer a verdade, pelo menos a verdade possível de ser dita neste momento espinhoso, de enorme dificuldade e riscos políticos no Brasil, e que no entanto não vem sendo dita de forma suficientemente clara?

Qualquer governo que ocupe o Estado Brasileiro e que se atreva a não representar a oligarquia abjeta, onipotente e criminosa que domina o Brasil desde seu surgimento como Nação estará fadado a ser estrangulado, condenado e odiado por esta oligarquia e pela imensa parcela da população que, cega e surdamente, a segue, enfeitiçada, sobretudo porque a mídia, o jornalismo televisivo e impresso no Brasil é parte integrante desta oligarquia e um de seus principais instrumentos de poder.

Sem com isso adotar uma posição de apoio incondicional aos governos do PT, e menos ainda cegando-nos a seus equívocos estratégicos e conceituais, é preciso no entanto interromper imediatamente com a prática obsessiva das ressalvas que relativizam a verdade política nua e crua.

1) Os escândalos da corrupção só estão aí aflorados como esgoto à luz do sol nas ruas porque uma certa configuração política determinada justamente pela lógica democrática dos governos petistas o permitiu e segue permitindo. Que o próprio governo leve os respingos disso, e que o PT não deixe de se sujar nessa lama, nada mais razoável e inevitável. Mas o importante é que nunca se pôde conhecer e então combater a corrupção no Brasil (endêmica, secular, estrutural) antes que um governo de inspiração popular e de esquerda, com todas as suas necessárias contradições, assumisse o poder no Brasil.

2) Os escândalos “premiados” da Petrobrás constituem uma particularidade nesse processo, cujo objetivo claro é demonizar o governo como suposto responsável por eles (o que é, no mínimo, um descaramento) e, sobretudo, demonstrar que a Petrobrás precisa ser privatizada “para ser novamente idônea” (o que é, no mínimo, uma piada). As forças do capital jamais aceitariam que as riquezas de um Pré-sal e outras, imensas, não fosse devorada pelas bocarras dos tubarões neo-liberais. É por isso que a condenação de “empreiteiras” será devidamente, e de modo inversamente proporcional, reduzida pela condenação indevida e espúria dos governantes.

3) A direita brasileira não está mais suportando um governo que, embora lhe faça concessões, não a atende fundamentalmente. Quer, e quase consegue, fazer fracassarem os programas sociais mais importantes do governo petista, e o fariam, sem hesitação e sem escrúpulo algum, mesmo que para isso precisassem afundar o Brasil, pois o seu barco não é nacional, é capital.

4) A canalha fascista não hesita em execrar um ex-ministro (que trouxe ao Brasil êxitos econômicos importantíssimos e merece todo o respeito, quanto mais não fosse por ser um cidadão) que faz uso de um hospital da elite paulista para empreender o tratamento do câncer de sua esposa, expulsando-o do dito hospital (que providências terá tomado a direção deste hospital acionando seus seguranças em defesa do cidadão agredido?) sob gritos de “VAI PRO SUS”! Estranho brado, pois que ir para o SUS é justamente o que mais poderia dignificar alguém, se justamente esta mesma elitezinha de merda não fizesse tudo que está a seu alcance para destruir também o SUS.

5) O governo não é o agente da corrupção, é o meio poroso pelo qual ela vem a furo. Mas o que se quer destruir nada tem a ver com ela, a corrupção, prática contumaz e histórica dos mesmos que, como juízes, querem fazer crer que a condenam apenas para acabar com essa bagunça de povo ter prioridade em um governo. Horror ao povo, horror ao governo popular, ódio mortal ao PT e tudo que esse processo (historicamente fundamental) representa. Estamos em GUERRA. Então, vamos a ela.

*Luciano Elia é psicanalista e já trabalhou no governo Lula

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