CONFESSO: CONTINUO ABESTALHADO E DECEPCIONADO
Por Wolf Moitinho
Hoje me encontro trabalhando na cidade de Rio Real, município situado no nordeste da Bahia, divisa com o Estado de Sergipe.
Entre o horário do trabalho e o descanso, ansioso por notícias da nossa cidade, busco nos sites e blog(s) e, eis que me deparo com a postagem “Falta água e falta planejamento” da sua autoria. Fiquei deslumbrado com o número de pessoas que utilizaram o espaço para bradar pela inoperância do SAAE, que deixa milhares de lares e estabelecimentos de Valença sem água e explicação para os motivos concernentes. Demonstram que não são cordeirinhos e que estão preparados para garantir os direitos que lhes são assegurados por lei.
O brado é porque a falta d’água pode provocar problemas de saúde pública, em razão da higiene. Se faltar água, simultaneamente, impossibilita que as pessoas promovam a sua higiene pessoal, nas residências lavem suas roupas, utensílios domésticos, banheiros; os estabelecimentos comerciais que lidam com alimentos ficam impossibilitados de abrirem as suas portas, mesmo porque trabalham com alimentação do público e não poderão garantir a segurança alimentar; as indústrias e os prestadores de serviços de saúde (clínicas e hospitais) poderão paralisar ou mesmo diminuir as suas atividades, bem como os órgãos públicos, afinal, todos utilizam o precioso líquido para a higiene pessoal dos trabalhadores, seus diretores, clientes, bem como para lavagem de objetos e equipamentos.
Epidemias brotaram no seio da sociedade na Idade Média e dentre as causas figura a profilaxia, ou seja, a falta de fiscalização dos meios necessários à manutenção da saúde da população. Os dejetos resultantes das necessidades fisiológicas eram atiçados nos becos, vielas e ruas das cidades medievais, contribuindo para a proliferação de doenças infecto-contagiosas, possivelmente por não haver a canalização de esgotos e água potável. A submissão a governos tiranos e muitas vezes por impossibilidade do governante agir em razão do comprometimento com outrem, podem ter sido causas complicadoras na época. Maquiavel em sua obra “O Príncipe” trata da questão da governança ao proferir: “Tais príncipes estão na dependência exclusiva da vontade e boa fortuna de quem lhes concedeu o Estado, isto é, de duas coisas extremamente volúveis e instáveis. E não sabem e não podem manter o principado: não sabem porque, se não são homens de grande engenho e virtude, não é razoável que, tendo vivido sempre na condição de cidadãos particulares, saibam comandar; não podem porque não contam com forças que lhes sejam amigas e fiéis”.
Deixemos Maquiavel de lado e voltemos ao nosso tema. Depois de ler os diversos protestos, resolvi buscar os comentários do texto publicado em 10 de dezembro passado, intitulado “Mas confesso abestalhado que estou decepcionado”, parafraseando Raul Seixas, de minha autoria, o qual trata do mesmo questionamento. Escrito e postado antes da minha viagem, somente aqui, ao abri-lo novamente, percebi que de igual forma as pessoas bradaram contra os gestores municipais pela inércia na apresentação de soluções ou até mesmo explicação sobre a notória falta d’água. Até Carlos, um dos comentadores, bradou contra o problema que está sendo motivo de crítica de toda a população valenciana, apesar de não ter feito uma interpretação correta do texto.
É claro que não sou a favor da privatização de órgãos públicos. Mas, sou adepto de cobrar dos gestores que dirigem órgãos públicos ações para as quais foram contratados. Neste sentido, é imprescindível que haja pulso da prefeita municipal, a menos que ela assuma, publicamente, a responsabilidade pela falta d’água.
DE NOVO!