A POSSE DO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL INDUSTRIAL DE VALENÇA

Caros companheiros,

Estivemos no último sábado no evento que marcou a posse de Ademir Costa e tivemos a oportunidade de ouvir discursos bons e outros pífios.

Antônio Machado, presidente que transmitiu o cargo, retrocedeu alguns anos para dizer sobre as conquistas realizadas pela administração do CDL/ACIV. Falou sobre os seus companheiros, a importância do associativismo, a importância da administração do CDL/ACIV para a classe empresarial e para Valença, porque também é uma das preocupações das duas entidades o bem-estar de toda a comunidade valenciana. Lembrou a Ademir Costa sobre a continuidade dos trabalhos que estão sendo realizados e, antecipadamente, aprovou o plano apresentado de gestão do novo dirigente.

Ao falar sobre a sua primeira administração Ademir Costa como representante dos empresários do município, utilizando de outras palavras, disse que tem como preocupação o desenvolvimento de Valença e das pessoas que estão nas periferias, seus semelhantes. Enfatizou que o desenvolvimento da cidade passa pelo crivo da melhoria dos habitantes que moram nos contornos da cidade e também no interior do município. Isto porque quando estas pessoas possuem maior poder aquisitivo passam a comprar mais produtos e essas mercadorias e serviços são vendidos por empresários. “O que acontece no município tem reflexo nas nossas empresas”, disse posteriormente.

Por outro lado, o prefeito de Valença, Ramiro Queiroz, salientou que o município experimentou um crescimento vertiginoso, cresceu muito nos últimos anos. Ensejou que a educação deu um salto e que a economia também. Ressaltou que Valença possui grande número de faculdades, foi um dos municípios que mais implantou estabelecimentos de ensino de nível superior e, quanto à economia, disse que a cidade está em plena pujança econômica. Grandes empresas foram instaladas no município, atestando o desenvolvimento econômico.

Mesmo antes de iniciar as nossas criticas ao administrador municipal, em razão da falta de ações que poderiam melhorar o desenvolvimento econômico de Valença, devemos registrar que não é de cunho pessoal. Respeitamos o senhor Ramiro Queiroz como um cidadão tanto quanto respeitamos todos os demais valencianos, inclusive pela deferência.

Porém, cremos que as suas afirmações não retratam o que toda a comunidade vê e pensa a despeito do que proclamou. Inicialmente podemos firmar que Valença, bem como tantas outras cidades do interior da Bahia e também a capital, foram contempladas com faculdades de nível superior, haja vista grandes somas de recursos públicos destinados às “escolas de nível médio” que se transformaram em faculdades, voltadas para graduação e pós-graduação em pedagogia, tendo como fim precípuo atender a demanda das escolas municipais. A verdade é que muitos ganharam dinheiro com esta abertura do governo federal, entretanto, como não tínhamos tantos profissionais necessários para atender a demanda no país, foi, quiçá, uma alternativa para suprir as pendências.

Diante da situação não vemos como fato “muito” importante o crescente número de faculdades na cidade, principalmente porque pequenas cidades como: Presidente Tancredo Neves, Sapeaçu, Castro Alves, Nova Ibiá, Piraí do Norte, até mesmo em povoados como Gamboa do Morro, foram instaladas “faculdades”. Instituições de ensino deste porte brotaram nas pequenas cidades da noite para o dia, porque se tratava de empreendimentos particulares lucrativos.

Se falarmos em termos de ensino médio e fundamental ministrado no município de Valença, podemos afirmar, peremptoriamente, que é de péssima qualidade. Primeiro porque as instalações físicas dos prédios se encontram em estado precário; merenda escolar não existe, faltam professores em quase todos os estabelecimentos de ensino; o transporte de estudantes na zona rural é problemático, faltam veículos apropriados e há a dependência de estradas vicinais de boa qualidade. Tudo isso contribui para o baixo nível de escolaridade com reflexos no ensino superior.

Evidente que temos na Bahia universidades e faculdades de grande valor. Citar a UFBA, a Uneb, bem como particulares como a Católica, dentre outras, engrandece a todos os profissionais, docentes e discentes, que freqüentam ou freqüentaram esses e outros estabelecimentos de elevado nível de ensino, ao longo dos anos.

Educação é um dos principais pilares para o desenvolvimento de uma sociedade, portanto, todas as ações devem ser viabilizadas neste sentido. Entretanto, o que vemos aqui é uma administração municipal que falha constantemente no tocante a educação e, como exemplo, devemos lembrar aqueles políticos que não lutaram o suficiente para trazer uma universidade de peso no ensino superior. Jamais devemos esquecer que perdemos a UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Reafirmamos que a educação é pilar para se construir o teto de uma sociedade. Mas, nós valencianos podemos pensar que a administração acredita em educação como suporte básico para o desenvolvimento do município, quando relega um pólo de educação com oito cursos ministrados pelo UAB – Universidade Aberta do Brasil. Devíamos todos saber que há possibilidade deste pólo sair de Valença por falta da contrapartida do poder municipal.

Por fim, no tocante à educação, vale aqui registrar que o prefeito falou neste último evento sobre a vinda de 4 novos cursos na área de saúde através da Faculdade Zacarias de Góis, além de uma faculdade de Medicina. Mas como? Se o local onde foi plantada a pedra fundamental do Hospital de Valença, prometido durante a sua campanha e fincada no iniciou da sua administração, não recebeu, se quer, um bloco de cerâmica! Poderemos acreditar em uma faculdade especializada com um curso de medicina instalada em Valença?

Quanto à vinda de grandes empresas para Valença cremos ser outra ilusão do prefeito. As “grandes empresas” em sua conta são o G Barbosa, o Todo Dia, a Insinuante, o Ricardo Eletro? Fosse assim, também poderia ser “Mapron” que ambicionou construir um estabelecimento no Jacaré e, simplesmente, o grupo foi barrado. Por quê? Não quis contribuir com o município, como está sendo ventilado na cidade?

Grandes empresas são indústrias que poderiam ser instaladas nas proximidades da BR 101, em razão do fácil escoamento de produtos. Para tanto seria necessário que houvesse a vontade política de criar um “Centro Industrial de Valença”, ofertando aos empresários locais apropriados para construção de seus empreendimentos. É assim que muitas cidades do interior estão fazendo. Mire-se no exemplo de Santo Antônio de Jesus.

Muitas vezes escrevemos sobre o tema. Em todos os escritos afirmamos que Valença é um município em que não houve o desenvolvimento esperado. Sabemos que a culpa não é só do atual prefeito. Muitos gestores públicos do passado contribuíram para a estagnação do município.

É inegável que já estivemos em situação muito confortável no ranque estatístico da Bahia. Hoje estamos constantemente sendo ultrapassados por outros tantos, cujo desenvolvimento é visto a olho nu e que aqui podemos citar os municípios de Presidente Tancredo Neves, Ituberá, Camamu, Santo Antônio de Jesus, Amargosa, Serrinha, etc., etc., porque é do conhecimento de todos.

Wolf Moitinho