MORRE A FUNDADORA E CORDENADORA NACIONAL DA PASTORAL DA CRIANÇA: ZILDA ARNS
Zilda Arns Neumann (Forquilhinha, 25 de agosto de 1934 — Porto Príncipe, 12 de janeiro de 2010) foi uma médica pediatra e sanitarista brasileira.
Irmã de dom Paulo Evaristo Arns, foi também fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Viúva desde 1978, mãe de cinco filhos, dos quais apenas quatro estão vivos (Rubens, Nelson, Heloísa e Rogério – a filha Sílvia morreu em 2003, num acidente de carro), e avó de nove netos, recebeu diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária no país. Da mesma forma, à Pastoral da Criança foram concedidos diversos prêmios pelo trabalho que vem sendo desenvolvido desde a sua fundação.
Formada em Medicina, aprofundou-se em Saúde Pública visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das crianças, para otimizar a sua ação, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho de São João (Jo 6, 1-15).
A sua prática diária como médica pediatra do Hospital de Crianças César Pernetta em Curitiba e, mais tarde, como diretora de Saúde Materno-Infantil da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná teve como suporte teórico as seguintes especializações:
- Educação em Saúde Materno-Infantil, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP);
- Saúde Pública para Graduados em Medicina, na Faculdade de Saúde Pública (USP);
- Administração de Programas de Saúde Materno-Infantil, pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) /Organização Mundial da Saúde (OMS), e Ministério da Saúde;
- Pediatria Social, na Universidade de Antioquia, em Medellin, Colômbia;
- Pediatria, na Sociedade Brasileira de Pediatria; e,
- Educação Física, na Universidade Federal do Paraná.
Sua experiência, fez com que, em 1980, fosse convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória, no Paraná, criando um método próprio, depois adotado pelo Ministério da Saúde.
Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança juntamente com Dom Geraldo Majella Cardeal Agnelo, Arcebispo Primaz de Salvador da Bahia e Presidente da CNBB, que à época era Arcebispo de Londrina. No mesmo ano, deu início à experiência a partir de um projeto-piloto em Florestópolis, Paraná. Após vinte e cinco anos, a Pastoral acompanhou 1.816.261 crianças menores de seis anos e 1.407.743 milhão de famílias pobres em 4.060 municípios brasileiros. Nesse período, mais de 261.962 voluntários levaram solidariedade e conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres, criando com isso condições para que elas sejam protagonistas de sua própria transformação social.
Para multiplicar o saber e a solidariedade, foram criados três instrumentos, utilizados a cada mês:
- a visita domiciliar às famílias;
- o Dia do Peso, também chamado de Dia da Celebração da Vida; e a
- Reunião Mensal para Avaliação e Reflexão.
Em 2004, a Dra. Zilda recebeu da CNBB outra missão semelhante: fundar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa. Atualmente mais de 100 mil idosos são acompanhados mensalmente por 12 mil voluntários de 579 municípios de 141 Dioceses de 25 Estados brasileiros.
Dividia seu tempo entre os compromissos como coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e a participação como representante titular da CNBB no Conselho Nacional de Saúde, e como membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Em janeiro de 2010 estava no Haiti em missão humanitária quando faleceu vítima de um forte terremoto que atingiu o país.
Fonte: Wikipédia
Pelegrini,
Está aí uma pessoa que merece seja mostrado o currículum, que é bem maior do que você listou. Um exemplo de dignidade e compromisso com os mais pobres que, infelizmente, se foi. Não podia ser diferente, morreu pela opção que fez pelos pobres, desta vez os irmãos pobres do Haiti.
Nos “dia do peso” que presenciei em centros comunitários católicos de comunidades carentes de Lauro de Freitas nos anos 80 -onde minha mãe era voluntária – eram distribuídos os ticket’s do leite (do governo Sarney), então uma iniciativa pioneira, silenciosa, mas, eficaz. Tinha a “ração” preparada para combater a anemia das crianças, um pouco de ensinamentos básicos de higiene, troca de experiências e uma palavra de paz.
Enquanto isso, as nossas Secretarias de “Ação Social”, pelas prefeituras do Brasil afora, servem apenas de palanque para alçar carreiras políticas via Bolsa Escola e Bolsa Família, arranjando um jeito para que cada família continue dependente destes benefícios. É o instrumento do moderno “voto de cabresto”.
Quanto a D. Zilda, que siga em paz. A mesma paz que ela sempre tentou levar aos mais necessitados: aqueles a quem o nosso país há muito tempo virou as costas.
Realmente é lamentavel a morte de Dr. Zilda Arns, ela era como uma mãe para nós. E é com muito pesar e dor no coração que escrevo aqui esse comentário. Faço parte da Pastoral da Criança da Paroquia do Sagrado Coração de Jesus de Valença, na qual se encontra em LUTO, trabalho como lider e comunicador dessa pastoral ha 7 anos. Foi na Pastoral da Criança, com serviços tão relevantes para nossa sociedade que pude aprender o sentido da doação, da solidariedade, hoje tão dificil de se encontrar e pude exercitar o meu lado comunicador.
Estamos triste hoje, mas com a certeza que esse anjo bom que foi e sempre será Dr. Zilda Arns nos deixou fazendo o que gosta e de onde ela estiver continuará olhando por todos nós.
P.S.:Só uma correção ao amigo Fabio que postou o comentario logo acima, o nome não é ‘ração’ e sim a multimistura que consiste na mistura de cascas de ovos, aipim, abobora, sementes(milho, amendoim, melancia, melão…), farinha que serve para combater a desnutrição não só nas crianças, mas em todo individuo.