PREFEITOS VIRTUAIS E A BELEZA EFÊMERA DAS CIDADES REPAGINADAS

O vídeo do Calçadão de Valença mostrava uma coisa encantadora, mas no fim a realidade era outra

Em Valença, há uma tendência preocupante: candidatos se preparando para serem “prefeitos virtuais”. Esses aspirantes ao cargo fazem promessas mirabolantes, como a construção de shoppings, quebra-mares e pontes com viadutos. No entanto, o que mais chama a atenção é a maneira como eles apresentam suas visões: através de vídeos que mostram a cidade completamente repaginada.

Esses vídeos são verdadeiros espetáculos visuais. Ruas, praças e feiras são recriadas com detalhes impressionantes, e a beleza capturada nas imagens é de tirar o fôlego. No entanto, há um problema: a duração desse trabalho virtual é muito diferente da realidade. Enquanto o vídeo pode ser produzido em algumas horas, a transformação física da cidade leva muito mais tempo.

O dilema surge quando os cidadãos, inspirados por essas visões virtuais, desejam experimentar essa beleza pessoalmente. Eles querem pisar nas ruas recém-imaginadas, frequentar as praças revitalizadas e desfrutar das feiras renovadas. No entanto, a realidade muitas vezes não corresponde à fantasia. As promessas feitas nos vídeos não se traduzem facilmente em infraestrutura duradoura.

Lembro-me do caso do Calçadão de Valença. A prefeitura divulgou um vídeo virtual deslumbrante, mostrando um calçadão moderno e movimentado, com pessoas felizes passeando e lojas vibrantes. O acesso ao vídeo foi tão intenso que a página da prefeitura travou. No entanto, quando o calçadão foi finalmente construído, a experiência não foi a mesma. Problemas de manutenção surgiram, e a realidade não correspondia à visão virtual.

Aqui está o cerne da questão: qualquer projeto, seja virtual ou físico, deve ser planejado com cuidado, incluindo considerações de manutenção a longo prazo. Infelizmente, muitas vezes negligenciamos esse aspecto. Os encantadores de serpentes virtuais, com suas ideias grandiosas, podem conquistar a imaginação das pessoas, mas a gestão efetiva requer mais do que promessas vistosas.

Então, sim, vamos ficar de olho nesses candidatos. Afinal, há uma diferença entre ser um gestor de ideias e ser um gestor da realidade. E, como já mencionamos, até mesmo a cidade virtual tem seu preço – e não é apenas monetário.

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1 Resultado

  1. Caros Conterrâneos,

    Mais uma vez estou aqui para emitir opinião e contar de minha experiência em Salvador.

    Vamos iniciar por Salvador – milhões ou bilhões foram gastos em obras para repaginar a Capital, certamente muita dente ficou rico com a corrupção direta e indireta também, explico, a corrupção direta todos sabem como funciona, o problema está na corrupção indireta que acaba por prejudicar diretamente a alguns cidadãos. Quando as obras perduram por longo tempo, o comércio é prejudicado, aluguéis, impostos e taxas deixam de ser pagos, os valores se acumulam de tal forma que a solução é a venda da prooriedade. Para saber quem se beneficiou é só seguir o fluxo do dinheiro de trás para frente, desta forma se chega nos corruptos e corruptores.

    Minha opinião – é necessário um plano diretor para Valença, que seja factível, bonito, que respeite a nossa história. Este plano deve ser seguido por muitas gestões e devemos contar com fiscalização eficiente e séria, por parte dos servidores, Ministério Público, vereadores e também dos cidadãos.
    Qualquer tipo de desvio que seja direto ou através de benefícios e apadrinhamentos, devem ser denunciados imediatamente. Concorrência deve ser séria e o equilíbrio entre qualidade e preço deve ditar vencedor.

    Sabemos que loucuras serão propostas, vão tentar vender o sonho individual, más, o que deve ser prioridade é o escolhido pela população e é aí que vou receber as críticas.

    Devemos iniciar pelo aparelhamento da prefeitura, criar a famosa fábrica de cidades e usina de asfalto, adquirir máquinas e equipamentos, instalar controle fino de despesas para evitar os desvios.

    Sem tomar estas providências iniciais vamos continuar na mesma, obras demoradas e sem qualidade.

    O que vai atrasar alguns é a diminuição do número de contratos e assim o percentual cobrado por quem aprova obras, a tal corrupção direta.

    Assim é a realidade.

    Infelizmente.

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