O velho Udenismo moderno
Por Maurício Sena
A União Democrática Nacional (UDN) foi fundada em 1945 e sobreviveu até a extinção dos partidos políticos com o Ato Institucional número dois (AI2) em 1965. Durante os seus 20 anos de existência abandonou o discurso crítico a ditadura do Estado Novo e se tornou o braço político na defesa do golpe militar de 1964. Com uma trajetória marcadamente antigetulista, foi a maior expressão do liberalismo à sua época. A UDN foi o berço do chamado udenismo, já que esse conceito ultrapassou os limites da doutrina partidária e se transformou numa corrente ideológica com crenças e perspectivas próprias. As principais características do udenismo estão fundamentadas na defesa do protagonismo das elites nas escolhas da nação, relação direta e ilimitada com a imprensa, visão policial da política, excessivo moralismo e autoritarismo institucional. Os udenistas acreditavam que cegadas pelo populismo, as massas não tinham discernimento suficiente para fazer suas próprias escolhas e que qualquer meio era válido para derrubar um governo que considerasse ilegítimo, mesmo este consagrado pelas urnas.
As vésperas da eleição presidencial de 1950 o jornalista e udenista Carlos Lacerda, com a sua virulência característica, afirmou: “O Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar1“. Como premeditado, sob a argumentação de não ter alcançado a maioria absoluta dos votos (o que não era previsto pela constituição vigente), a UDN conspirou para impedir a posse de Vargas. No ano de 1954, após o suicídio de Getúlio, em seu caderno de depoimentos, Lacerda afirmou que: “Convocar eleições para o ano seguinte só porque estavam marcadas, era um erro gravíssimo”. Concluiu que: “Longe de ser um ato democrático, era profundamente totalitário, esse ato de levar um povo, não pela razão, mas pela força de uma emoção incoercíva, a tomar uma decisão contra si mesmo, decisão que não tomaria se estivesse em condições normais de raciocinar”. Em 1955, usando a mesma argumentação da eleição anterior, a UDN tentou, novamente, impedir a posse de um presidente eleito pelo voto popular, desta vez, Juscelino Kubitschek2.
Passados 50 anos do fim da UDN, o udenismo renasce não apenas como símbolo de um passado que assombra a nossa jovem democracia, mas, também, como alternativa para uma parte da classe política brasileira que ainda não aceitou o resultado das urnas e não consegue convencer o povo brasileiro que tem um projeto para o País. A diferença é que ao contrário da UDN, a aliança DEM/PSDB já venceu as eleições e governou o Brasil deixando no povo o gosto amargo do fracasso. Sem a perspectiva de alcançar o poder pela via democrática, os “democratas” e tucanos investem numa agenda que vai da contestação do resultado eleitoral à fabricação de um roteiro de impeachment com a liderança do seu aliado mais controverso, Eduardo Cunha, que se encontra à beira da desmoralização. As similaridades históricas não se limitam apenas a tentativa de deposição de uma Presidenta constitucionalmente eleita, elas se acentuam no apoio das elites, em atos conspiratórios de membros das instituições republicanas e na atuação massiva e seletiva da imprensa. O roteiro foi momentaneamente barrado pelo STF, mas, enquanto o governo Dilma mantiver índices pífios de aprovação, a insistência golpista estará sempre presente na condução do seu mandato.
Todo momento de conflito é oportuno para o questionamento das estratégias e fazer as autocríticas necessárias. Apenas reconhecer que a crise internacional, no Brasil, é agravada por uma série de equívocos na condução política, é muito pouco. A convivência fisiológica do governo com o congresso chegou a um limite, cada vez que cede aos setores mais conservadores, menos fidelidade tem como resposta. O governo precisa se reinventar e reencontrar o caminho do crescimento, criar condições para uma reviravolta no ambiente econômico talvez seja a única saída para melhorar os índices de popularidades e espantar de vez a intentona udenista. A insistência nesse modelo econômico tem como previsão mais otimista para os próximos dois anos uma queda substancial do produto interno bruto que pode chegar a 5%, um desastre para uma economia que ainda possui uma demanda interna reprimida e muitos anos de programas sociais para promover.
- Getúlio foi eleito presidente em 1950 e governou o Brasil sob forte pressão da imprensa udenista até o seu suicídio em agosto de 1954.
- Esse episódio foi mais uma tentativa de golpe com o apoio da UDN. Devido a problemas de saúde o presidente Café Filho se afastou do cargo assumindo o seu lugar Carlos Luz, então presidente da Câmara, que imediatamente indicou o general Álvaro Fiúza de Castro para o Ministério da Guerra no lugar de Henrique Lott com a intenção de evitar a posse da chapa JK/Jango. Prevendo o ato golpista Lott depôs Carlos Luz e entregou a chefia do executivo ao presidente do Senado Nereu Ramos que garantiu a posse da chapa vencedora do pleito de 1955.
Se o articulista me permite um pequeno adendo ao texto, é que, se udenismo “clássico”, eles são levados a sérios e deu na tragédia que deu; o atual “neo-udenismo” se mostra uma farsa grotesca, com os corruptos (ninguém vai me dizer que a “demo-tucanalha” são santinhos…) gritam contra a corrupção. O que me preocupado, como historiador formado e mestrando em história, é que as novas gerações estão se deixando seduzir por esse para-fascismo latente e o alimentando. Temo que se judicialize a política (como aconteceu com a Itália, durante a Operação Mãos Limpas) e um novo aventureiro venha afundar o país. Precisamos sim fortalecer a nossa democracia e arejar as ideias, Mas do que ressuscitar o anticomunismo caquético do “neo-udenismo radical”, seria salutar pensar em soluções como aprofundar as conquistas sociais, garantir o estado de bem estar social e como atender as novos bandeiras progressistas que nossa sociedade estão levantando, como os direitos civis.
Bla bla bla bla….
Quando vcs vão parar de usar o passado como escudo e cortina para tentar esconder e camuflar o maior governo corrupto de todos os tempos do Imperio e da República do país. …
Tantas siglas, tantos neologismos….para que ta feio e acorda pra vida ………ta feio
Red, a maior burrice que o ser humano comete é desconhecer o passado. Comece a olhar fora da caixinha e observe melhor as nuances dos fatos. Jango foi chamado de corrupto antes de ser derrubado. E várias vezes na nossa história republicana recente se mostrou que uma parte de nossa classe política prefere o golpe (tenham sorte ou não) do que respeitar a soberania popular. Acaso iremos deixar a história se repetir mais uma vez? Para que está feio é os nossos coxinhas mostrarem sua ignorância…
Lembrando que sofrer tentativas de golpes nao e exclusividade do governo Dilma.Apesar de nao ser graduado em historia ,nem possuir pos graduacao nessa nobre ciencia(contrariamente ,meu conhecimento e assistematico sem fundamentacao cientifica:e apenas fruto de algumas parcas leituras e reflexao pessoal.Tenho apenas o ensino fundamental,portanto,nao “quero bater de frente ” com ninguem;
Relembremos:(fase mais antiga)
D.Pedro 2 sofreu tentativa ,que acabou sendo consumada
2=floriano peixoto(epoca de consolidacao da republica)
3-rodrigues alves
4-washindton luis(nao esquecamos da aln tambem)
5-getulio
6-goulart
…………….
Como disse ,sao exemplos.
Mais atualmente tivemos o fora collor(quando aconteceu esse era crianca.Nao me lembro direito).Vivamente em minha memoria,lembro do Fora FHC(este ,eleito em 1998,salvo engano ,no primeiro turno e com forte vantagem sobre o segundo colocado.Ainda,salvo engano,o Petista Tarso Genro sugeriu a ele ,a renuncia)
Essa de golpe,de direita ,e puro bla bla bla.Ou fruto de ingenuidade intelectual.Ou ……….,deixa p la.
Precisa-se de bom senso.Clama-se por isso.Urgente.Ja!!!
E bom senso,tanto de nos,”analistas”,”opneiros”,etc,quanto de toda a classe politica,A ambas partes:ao governo e oposicao.
Destaque-se que a ultima nao apresenta uma alternativa,uma agenda ,ideias para enriquecer o debate.O mais perto disso(sarcasmo) ,foi a sugestao de um ex-presidente que sugeriu a renuncia da presidente.
Dizendo como um importante personagem de nossa literatura>ai fica dificil………..