Poluição causada pela Indústria Têxtil X “Geração de Emprego e Renda”

cvi

Foto: Carlos Eduardo Passos

Por João Fernandes*

Estudar as formas de prevenir e controlar a geração de poluição inerente a toda atividade antropogênica como a transformação de matérias-primas em diversos processos ajuda na conservação dos ambientes naturais. O ser humano necessita do meio para viver, para adquirir matérias-primas e transforma-las em bens de consumo.

Dá-se o nome de poluição a qualquer degradação, deterioração ou estrago das condições ambientais do habitat de uma coletividade humana, normalmente associada à diminuição da qualidade de vida em decorrência de mudanças ambientais.

Os agentes que provocam a poluição são chamados poluentes: um ruído excessivo, um gás nocivo na atmosfera, detritos que sujam os rios ou praias ou ainda um cartaz publicitário que degrada o aspecto visual de uma paisagem. A partir da revolução industrial, a poluição passou a constituir um problema para a humanidade, pois o grau de poluição cresceu acentuadamente e a sua escala deixou de ser apenas local para se tornar planetária. Isso não apenas porque a indústria é a principal responsável pelo lançamento de poluentes no meio ambiente, mas também porque a Revolução Industrial representou a consolidação e a globalização do capitalismo.

A indústria têxtil possui um dos processos de maior geração de poluentes em contra partida geração de emprego e renda para a população valenciana que não encontra outra forma de atividade local, embora possua uma gama de opções, ainda que desativadas, logo contribui quantitativa e qualitativamente com carga poluidora rejeitada no meio ambiente, os quais, quando não corretamente tratados, são indutores de sérios problemas de contaminação ambiental. Aqui deveremos considerar os impactes que a indústria potencia de uma forma horizontal, ou seja, os aspectos ambientais negativos associados ao processo produtivo considerados desde a fase de cultivo das matérias-primas utilizadas (como por exemplo a utilização de resíduos tóxicos de pesticidas e agentes para preservação do algodão e da lã como o pentaclorofenol; o uso de fertilizantes artificiais e de pesticidas nas culturas de algodão como o DDT, lindane e hexaclorociclohexano), passando pelas fases de produção industrial (poluição através dos efluentes dos processos de tingimento e acabamento incluindo corantes, fosfatos, metais pesados e agentes de complexação) e finalmente os resíduos resultantes do mesmo processo de fabrico (como por exemplo os lodos).

O setor têxtil é conhecido por apresentar potencial poluente elevado, abrangendo cinco campos distintos: efluentes líquidos, emissões de gases e partículas, resíduos sólidos, odores e ruídos. O grande consumo de água durante as etapas do processo de fabrico dos tecidos gera água residual com efeito poluidor bastante significativo devido às elevadas vazões e toxicidade, além do volume e composição variáveis. Quando este efluente é descartado pode causar impactos no corpo receptor oriundo da sua carga poluente, além de contaminações, pois os efluentes têxteis possuem elevados valores para níveis de coloração, demanda química e bioquímica de oxigênio, sólidos suspensos e baixas concentrações de oxigênio dissolvido.

Grande parte dos efluentes gerados provém, sobretudo, das fases de lavagem e tingimento. Devido à grande variedade de fibras, corantes, produtos auxiliares e de acabamento, tipos de equipamentos e processamento, os efluentes possuem grande diversidade e complexidade química. Entre os produtos que conferem elevada carga poluente, podemos destacar: amido, proteínas, substâncias gordurosas, surfactantes, produtos auxiliares no tingimento e os corantes. Além destes produtos, a temperatura elevada e pH dos banhos também conferem igualmente alto potencial poluidor.

Os efluentes têxteis caracterizam-se por serem altamente coloridos, devido à presença de corantes que durante o processo de tingimento não se fixam na fibra, gerando assim, grandes danos ambientais, impedindo a luz solar de chegar até ao ecossistema aquático, prejudicando o desenvolvimento da biota e a qualidade da água para consumo. Estes corantes (naturais ou xenobióticos) normalmente permanecem num determinado ambiente de forma inalterada ou apresentam uma cinética de degradação muito lenta para os processos biológicos convencionais, e geram efluentes finais (após o tratamento) com uma coloração ainda muito intensa.

A molécula do corante possui uma estrutura responsável pela absorção da radiação visível e exposição da cor, sendo a família dos azocorantes a mais utilizada, correspondendo a sensivelmente a 70% de todos os corantes têxteis produzidos. Alguns corantes azóicos podem produzir organoclorados com alta toxicidade e cloraminas que além de tóxicas quando clivadas, podem gerar como subproduto substâncias indutoras de efeitos carcinogénicos e mutagénicos capazes de causar cancros no organismo humano.

Em geral, na indústria têxtil as preocupações ao nível da contaminação ambiental estão hoje bastante presentes e alvo de legislação nacional e comunitária, exceto em nossa cidade, muito por falta de FISCALIZAÇÃO. Os processos de tratamento são fundamentados na operação de sistemas físico-químicos de precipitação-coagulação, seguidos de separação por sedimentação através de tratamento biológico via sistema de lodos ativados, apresentando uma elevada eficiência na remoção de partículas, se a CVI realiza esses tratamentos que se pronuncie. No entanto, existem muitas dificuldades na remoção de cor e compostos orgânicos dissolvidos, para além do grande inconveniente de ser bastante susceptível à composição do efluente (cargas de choque), e de produzir um grande volume de lodo.

Os resíduos sólidos resultantes, assim como, os compostos poluentes utilizados no processo de fabrico das matérias-primas para a produção, o consumo elevado de água bem como os impactes nos efluentes e a infiltração de águas contaminadas são constantes ameaças para a qualidade do solo no que se refere ao sector têxtil. Existem técnicas já desenvolvidas para minimizar todo este conjunto de impactos, contudo, este processo não é estanque, logo, susceptível de ameaças constantes a este meio natural, o solo.

Sinto muito pelo nosso Rio Una, igualmente sinto por sua diversidade biológica… por sua POPULAÇÃO!

ACORDA, VALENÇA VAMOS PARA AS RUAS… REVOLVER NOSSAS ÁGUAS E TRANSFORMAR NOSSA BELA CIDADE!

*João Fernnandes é leitor do blog

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *