OPINIÃO: UMA NOVA CONJUNTURA

analistaO Analista

A morte do candidato a Presidente Eduardo Campos trás ao mundo político novos rumos difíceis de serem avaliados de forma imediata, sendo só o tempo capaz de demonstrar as consequências reais do fatídico episódio. Para quem acompanha política é uma tarefa impossível deixar de conjecturar e tentar prever o futuro dos acontecimentos, obviamente que a prematuridade do momento torna qualquer comentário ainda dentro do círculo das hipóteses e especulações.

Antes de ser apedrejado pelo pseudomoralismo muito comum nessas horas, queria deixar bem claro que o sentimento inicial é de compaixão com a família de todos aqueles que perderam a vida e que a dor destas pessoas deve ser respeitada, mas não vou tratar o fato com a demagogia típica de quem se nega a enxergar a repercussão política em favor de um sentimento de perda que não possui. Eduardo Campos, apesar da sua liderança em Pernambuco e carreira nacional em crescimento, não se tratava de nenhum fenômeno político e nem tão pouco era o salvador da lavoura, era um politico como tantos outros no Brasil com qualidades e defeitos.

Se realizando a hipótese mais provável de Marina Silva se tornar a candidata do PSB, como ficará configurado o novo layout das intensões de voto? É impossível, sem o apoio de pesquisas confiáveis, afirmar se Marina tem ou não a musculatura eleitoral que possuía no período pré-eleitoral. Diante da sua tentativa fracassada de criar a Rede Sustentabilidade dentro do prazo previsto na Legislação sua candidatura ficou inviabilizada, já que desde a sua saída do PT ela teve imensas dificuldades em se afirmar como liderança em outra legenda tendo como única alternativa a busca de um Partido pra chamar de seu. Sua opção em ser Vice de Eduardo foi um remendo na sua carreira política, uma forma de não cair no ostracismo.

Se confirmando a sua força eleitoral, a possibilidade de segundo turno nas próximas eleições presidenciais que hoje é uma dúvida se torna real, restando saber se Dilma enfrentará a própria Marina ou Aécio. Mas é possível também que essa suposta força não se confirme, já que mesmo pontuando melhor nas pesquisas, Marina, não foi capaz de transmitir para Campos as intenções de voto que possuía, o que pode reafirmar a tese da ocasionalidade da sua força política.

A opção por Marina também leva a outras implicações. A principal ocorre em São Paulo, onde Marina protestou até o último instante contra a aliança de Campos com o PSDB fazendo com que o palanque do Governador Geraldo Alckimin possuísse dois candidatos a Presidente, o original e o genérico. É possível que, devido a essa divergência com os tucanos, ela ainda se encontre viva, já que se recusou a acompanhar Eduardo Campos na sua ida a Santos evitando assim o encontro com Alckimin, seu adversário desde os tempos de PT.

Marina indo ao segundo turno com Dilma fará com que a disputa eleitoral se torne acirrada, talvez mais ainda que nos tempos Lula x Collor. Dilma terá a seu favor o seu maior preparo e desenvoltura, experiência de poder e o crédito no êxito dos programas sociais aliados a melhora significativa da situação econômica do País. Marina terá ao seu lado os descontentes, parcela significativa da classe média que levanta a bandeira da ética conveniente e se sente incomodada com a ascensão abrupta das classes mais baixas à convivência social somando-se aos antipetistas por razões ideológicas e circunstanciais. Terá ainda o fato comovente da morte de um candidato a Presidente em pleno período eleitoral.

Caso o segundo turno se configure Dilma x Aécio, a postura de Marina também poderá ser determinante, apesar de supor a sua neutralidade. Não vejo Marina superando as suas magoas com o PT, assim como não vejo a sua aliança com o ninho tucano. Mas a política é como bunda de neném pode-se sair qualquer coisa a qualquer momento. Ela pode optar também por um lado ou por outro, mesmo que a sua capacidade de transferência de votos seja limitada. Uma coisa é ter o voto pra si outra é pedir para outrem.

Tudo ainda não passa de conjecturas!

Você pode gostar...

2 Resultados

  1. XPTO disse:

    Caro Analista, enfim, um texto lúcido e coerente sobre política em meio tantas aleivosias e sectarismos! Concordo com a tua análise, mas creio que há outros pontos a ser levantado: Ao contrário de como a mídia tem tratado, Marina NÃO É a “sucessora ou herdeira natural” de Eduardo Campos. Sei que a lógica indica que ela deveria assumir a cabeça da chapa uma vez que ela possui mais capital eleitoral do que Campos e até mesmo Aécio, tornando-a muito competitiva até para vencer as eleições. Contudo, o fato do PSB desautorizar publicamente em nota o texto do irmão de Eduardo Campos, apoiando a candidatura Marina, somando às especulações de Mônica Bérgamo de que se está analisando a possibilidade de lançar Luíza Erundina como candidata, o fato de que o novo presidente do PSB é o Amaral, que era a favor na manutenção do PSB nas hostes governistas e que a filiação de Marina ao PSB é uma obra de conveniência, até que o Rede Sustentabilidade fosse legalizado, indicam que a opção por Marina será alvo de um bom debate interno da chapa. Tanto é que já se corre na imprensa que uma das condições para Marina assumir a cabeça da chapa é que ela faça uma campanha mais programática (no que se concerne ao PSB) e menos personalista.

    E mesmo com Marina assumindo a chapa, ela se depara com três situações que podem levar a perca de votos:

    a) Se Marina admitir o jogo pragmático da política e considerar que a política é uma xadrez que deve bem ser bem jogado caso se queria ganhar (como, de uma certa forma, quer o PSB), ela perde parte dos eleitores cristalizados. Mesmo com o setor financeiro mais calmo, sua militância será comprometida com esse gambito, arrefecendo-a. E esse ardil de se sacrificar uma peça em troca de um suposta posição favorável terá um peso forte para o futuro político de Marina – afinal, valeria a pena abrir tantas concessões ideológicas desconstruindo sua imagem e do seu próprio projeto do Rede Sustentabilidade? Isso, é claro, de abrir a possibilidade de reoxigenar o PT, no sentido de que dará a ele a primazia de politizar mais a campanha, se reafirmando ao seu eleitorado tradicional como um partido mais ideológico dentre as candidaturas postas – eleitorado esse que se encontra ressonância em partidos da própria base de Marina, como setores da esquerda pessebista.

    b) Se ela manter o seu discurso de “renovação radical, contra tudo que está aí”, ela mantem perante aos “marineiros” mais fiéis sua imagem impoluta, atrai uma parcela da juventude mais “rebelde” (com ou sem causa). Contudo, perde apoios importantes conseguidos por Eduardo Campos e terá que enfrentar vários contradições – como o apoio do PSB paulista ao PSDB de Alckmin. Como ser novo se apoiando no velho mais podre de nossa política? Aliás, foi pela possibilidade de ter um palanque mais forte que fez o PSB paulista aceitar a vice na chapa tucana, pois a candidatura “puro-sangue” (?) de Laércio Bencko (PHS-PRP) não tem musculatura suficiente para sustentá-lo em um estado importante. Marina, que foi contrária a essa negociação, ficará agora numa saia justa e isso será explorado pelos adversários. Além disso, ela terá que se explicar como pode ser o “novo” tendo apoio de alas conservadoras, como a direita cristã e economistas neoliberais – coisas que influenciam na hora de quem quer ser “independente e crítico” da política “tradicional” – colocando-a em perpétuo xeque, uma vez que não não possui o controle do centro. Isso, é claro, de forçar tanto o Demo-tucanato como a coalização governista a mirarem parte do fogo contra ela.

    c) Outra situação possível para Marina é ficar como está, fazer uma campanha morna no qual se preocupará mais em não cair no ostracismo. Faria uma campanha morna, no meio termo da retórica radical e o compromisso pragmático, mais retrancado, armando seu xeque-mate lento para 2018 (como, aliás, ela estava jogando desde quando não conseguiu viabilizar seu partido semi-clandestino para as eleições desse ano). Contudo, será que o seu eleitorado cativo entenderia essa jogada, uma vez que para está colocada uma oportunidade histórica de realmente vencer – inclusive tendo a comoção pela morte de Eduardo Campos contando a seu favor? E como os seus adversários reagirão a essa postura?

    Uma coisa eu posso garantir, meu caro “O Analista” e creio que devemos ter como posição em comum: Essa eleição será a mais acirrada e importante da história, diante das conjunturas que estão sendo postas. E que país teremos daqui da para frente?

  2. aspone disse:

    So sei que ta todo mundo se cagando a mamada vai acabar geral, ja era estadual agora federal tambem. Kkkk vai vendo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *