O POLITICAMENTE CORRETO E OS ENTRAVES PARA O DESENVOLVIMENTO
O Analista
Ao pesquisar o significado do termo “politicamente correto” certamente se encontrarão uma serie de definições e, uma delas se enquadrará perfeitamente no conceito ao qual se pretende exprimir, no caso em questão o significado que mais se aproxima é o que diz: “Atuar no processo político de forma a atender todas as demandas legais, tendo um comportamento honesto, íntegro e socialmente responsável”. Simples assim, sintético e objetivo.
É politicamente correto se fazer a defesa do meio ambiente e a utilização racional dos seus recursos? Claro, ninguém seria imbecil o suficiente para contrariar algo tão lógico e em moda nos dias atuais. Em moda também está a bandeira contra a corrupção, que desde as manifestações de junho tornaram o cidadão brasileiro moralmente superior a classe política que ele próprio elege, nesses termos a máxima que “os governantes são o retrato do seu povo” deixou de prevalecer, o Brasil se tornou uma exceção.
Retornando a questão ambiental, já há algum tempo circula um vídeo na internet do movimento Gota d’Água contra a implantação da hidrelétrica de Belo Monte (http://www.youtube.com/watch?v=TWWwfL66MPs). Esse movimento é composto de uma serie de artistas “globais” que se utilizam do “politicamente correto” para expressar a opinião de que Belo Monte é uma espécie de catástrofe ambiental. Antes de se avaliar a legitimidade e a veracidade do que defende esse movimento é preciso se falar um pouco do nosso País.
Na última década o Brasil deu um salto gigantesco no seu crescimento, quadriplicou o seu PIB, declarou sua independência do FMI, aumentou suas reservas internacionais e controlou sua dívida líquida. Dentro desse ambiente o debate nacional assumiu uma nova abrangência, saímos do imediatismo de ter que fazer o bico pela manhã para pagar o almoço e inserimos conceitos de planejamento e visão estratégica de futuro.
Redescobrimos que o grande entrave para que o Brasil possa continuar a crescer e se desenvolver de forma estável e duradoura é a falta de Infraestrutura. Nossos portos estão subdimensionados, nossos aeroportos não suportaram o aumento da demanda, os nossos cidadãos precisam ser mais bem qualificados, temos que equilibrar a relação burocracia e eficiência, precisamos de rodovias, ferrovias e acima de tudo produzir energia para alimentar a fornalha do desenvolvimento.
Existem diversas formas de se produzir energia, pode-se aproveitar o calor do sol, a força das águas e dos ventos, se queimar recursos naturais, provocar reações nucleares e etc. Até bosta de boi hoje é considerada fonte de energia. Em todas essas opções se encontrará prós e contras, não há nenhuma isenta de efeito colateral. A opção pelo recurso se faz analisando aspectos ambientais, científicos, estruturais e principalmente que passam pela viabilidade econômico-financeira.
A decisão por Belo Monte levou em conta a nossa vocação natural e expertise, que certamente contribuirão para um melhor resultado. Com certeza haverá danos ambientais imensos, muitas espécies nativas de plantas e animais serão sacrificadas e populações indígenas terão de ser remanejadas, entre outras. O impacto ambiental será significativo e terá que ser mitigado ao máximo.
O caminho do desenvolvimento é árduo e exige sacrifício. Os EUA por exemplo tem parte da sua matriz energética ainda a base da queima de óleo e carvão, existe dano ambiental pior do que esse? Os franceses ainda acendem suas lâmpadas através de reatores nucleares, que além de representarem um risco incalculável tem como subproduto o lixo radioativo que o mundo ainda não sabe o que fazer com ele. O manual do politicamente correto diria que as energias solares e eólicas são a solução, e o custo? A verdade é que enquanto a viabilidade econômica desses recursos não forem alcançadas, para grandes escalas, ainda teremos que optar por outros meios de produção de energia.
A falta de habitação decente, de saneamento básico nas cidades, a poluição dos nossos rios e lagos pelo lançamento de resíduos sem o tratamento adequado, os nossos lixões e o consumo descontrolado dos recursos naturais devido a pobreza do nosso povo são os maiores crimes ambientais que cometemos. Temos que ter a clareza de que só resolveremos isso com crescimento e desenvolvimento. Por esse ponto de vista Belo Monte não é o vilão da estória, pelo contrario é um meio pelo qual o nosso País pode se tornar mais independente e potencialmente capaz de enfrentar as demandas ambientais. O que não podemos aceitar é que um projeto de Nação seja afetado por que existem dificuldades no processo.
Que os nossos artistas “globais” exercitem o politicamente correto primeiro em suas casas separando o seu lixo, racionalizando o seu consumo, educando os seus filhos e netos para essa nova realidade no enfrentamento das questões ambientais que não exige apenas uma consciência coletiva e passa também pelo comportamento individual. Militar contra o interesse nacional levantando bandeiras que atravancam o desenvolvimento, se utilizando de justificativas pseudo politicamente corretas, é querer fazer uma tempestade num copo d’água!
Recomendo o vídeo de alunos de Engenharia da Unicamp rebatendo os argumentos e chiliques do movimento gota d’água (http://www.youtube.com/watch?v=gVC_Y9drhGo).
Bom texto.
Rapaz… faz tempo que “O (verdadeiro) Analista” volte a participar aqui no blogue de Pelegrini…. Um texto lúcido, tranquilo e certeiro.