A triste época de violência em Valença
Caríssima Sra. Idália e caríssimo Sr. Palegrini,
Eu estava fazendo planos para pedir transferência do meu trabalho. Passaria a morar e a exercer o meu ofício em Valença.
Não que eu tenha deixado de gostar da cidade onde moro. Eu a amo. Mas o motivo para a mudança que pretendia é a vontade de “mudar de ares”, conhecer outra cidade, outros costumes, outra cultura.
Em função do trabalho que meu pai tinha, mudávamos sempre de cidades e de estados. A partir dos dois anos de idade, eu nunca morei em cidades onde tivesse parentes. Nunca tive um amigo de infância.
Isso fez com que a frase do “Velho Lua” (Luiz Gonzaga) se adequasse perfeitamente a mim e aos meus irmãos: “Quem sai da terra natal em outros cantos não para.”
Havia escolhido Valença porque gostei muito da sua história e dos seus costumes, além de ser uma cidade bonita, numa região de belezas naturais fascinantes.
Contudo, quando resolvi “dar entrada na papelada” para pedir a transferência, vários colegas começaram a me chamar a atenção para a, segundo eles, tão alardeada violência urbana na cidade.
Engraçado que há anos leio tanto sobre a cidade, mas não tinha informações a respeito. Mas como foram muitos os comentários, resolvi procurar sites da cidade e da microrregião e passei a ler as notícias atuais e passadas. Nesse caso, principalmente aquelas de até um ano atrás.
Me surpreendi e muito! Infelizmente, uma surpresa nada agradável!
A cidade onde resido é do mesmo porte de Valença, em torno dos 90 mil habitantes, e também fica na Bahia.
Todo o estado enfrenta sérios problemas de violência; todos sabemos disso.
A questão é que, na imensa maioria dos infelizes casos de homicídios, como todos os 9 que aconteceram na cidade onde moro, nesse ano, existem ligações com o crime, principalmente o tráfico de drogas.
Na cidade onde moro, no ano passado, o mais violento da história do município, foram 23 homicídios. Desses, apenas em um caso a vítima era uma pessoa que vivia dentro da lei, trabalhador, mas fez a infeliz opção de namorar uma mulher que tinha ligação com o tráfico de drogas. Parece que um traficante era apaixonado por ela ou algo assim.
O que vi, lendo nos sites de Valença e região (esse do Sr. Pelegrini e mais 10 outros), é que a questão se repete aí: a maioria dos homicídios acontece contra pessoas que tem alguma ligação com o mundo do crime.
Todavia, pelo que apurei, entre 1/4 e 1/5 das vítimas de homicídio em Valença, nos últimos 12 meses, tinham, ao menos, ocupação e residência fixas (por favor, me corrijam, caso eu esteja errado). Muitos, como as duas últimas vítimas de homicídio e a última vítima de tentativa de homicídio, na semana passada, são, sabidamente, pessoas honestas, cidadãos trabalhadores, sem qualquer envolvimento com a criminalidade.
Eu fiz essas leituras durante mais ou menos um mês e meio, concluindo essas observações numéricas no último final de semana.
Conversei com a minha esposa a respeito e decidimos desistir da mudança. Entreguei os documentos necessários para cancelar o pedido de transferência.
Quando digo tudo isso, muito longe de querer ofendê-los (nem pensem nisso!), o que quero é ajudar a mostrar aos cidadãos Valencianos que até as pessoas que vivem no mesmo estado, sabendo da violência que assola a Bahia, ficam surpresos e amedrontados com o problema de Valença.
Eu gostaria muito de poder ajudar a fazer algo pela cidade, mas a única coisa que posso fazer é desejar-lhes muito boa sorte e, principalmente, desejar que DEUS os ajude a resolver esse problema tão sério.
Fortes, fraternos e sinceros abraços a todos os cidadãos do município de Valença!
Cordialmente,
Carlos.
Senhor Carlos,
É muito triste realmente a realidade da nossa Valença, o senhor bem mencionou em seu comentário, apenas, posso acrescentar, que a maioria das mortes estão sim, ligadas a brigas e débitos relacionados ao problema do tráfico de drogas, muito triste também, é constatarmos, que essa grande vilã, vem se infiltrando em todos os cantos de nossa cidade, levando embora gente de bem e acabando com a vida de tantos jovens que se envolvem com ela. Que você tenha muito sucesso nos seus planos de mudança, ou não. Fiquem com Deus, boa tarde. Idália Castro.
Obs; o “ou não”, está relacionado à mudança, não ao sucesso, me expressei mal, o certo seria “Que você tenha muito sucesso nos seus planos de mudança de cidade, ou mesmo se resolver ficar na cidade que está. Fiquem com Deus, boa tarde. Idália Castro.
Senhora Idália,
Não se preocupe.
Eu lhe entendi perfeitamente.
Muito obrigado pelos votos de sucesso!
Também lhe desejo toda a felicidade e todo o sucesso profissional!
DEUS abençoe a senhora e a sua família!
Atenciosamente,
Carlos.
Carlos,
À luz da violência em minha cidade, estamos trabalhando para que se modifique. Não sou, de forma alguma partidária da atual administração, na qual impera o nepotismo; mas vejo que Valença ainda é uma cidade onde temos amigos, todos se conhecem e todos se socorrem. Como resido no centro, estou em situação um pouco mais confortável, pois meu filho ainda pode ir sozinho para a escola, embora, fazendo esporte ( judô), eu pague transporte pq meu horário não é compatível. Mas, venha, ñ irá se arrepender, somos povo educado, exceto pelo transito, cuja legislação é toda nossa… Rs. Mas fará bons amigos aqui, garanto. Eu mesma, passei anos fora e antes nem valorizava tanto minha cidade, hj, talvez pelo desespero em vê-la melhor, me apaixonei… venha, traga sua família e sejamos da paz… Abraço.
É triste ver que em nossa cidade e região há enorme potencial que poderia atrair gente de bem que tenciona investir e alavancar o progresso, produzindo riquezas ainda inexploradas por aqui; mas, pior que isso é saber que o problema reside no nascedouro tornando em aborto aquilo que poderia ser gestado, fazendo boas coisas brotarem do nosso fértil solo criativo e envolvente, pela força do carisma residente em nós, bem como no calor do povo que cantado foi em seu hino como sendo hospitaleiro.
Não nos esqueçamos que o mesmo poder que temos de atrair também temos para repelir, afugentando de nós aqueles que poderiam somar conosco, afim de que pudéssemos vir a ser um povo mui grande, forte e pujante, tendo uma política auto-sustentável, já que temos vocação pra muitas boas coisas, já que somos e temos matéria prima no sentido amplo.
Por que será que aos nossos governantes não interessa lutar por dias melhores não apenas pra inflar seu super ego, mas melhorar para o povo a situação vivencial, já que são eleitos pelo povo e em seu nome o poder deve ser exercido? Ou não pensam que o mal implantado contra o povo não repercutirá com juros e correção em seus próprios familiares, gerações à dentro?
Lamentamos ver a desistência de pessoas do bem que estão desistindo de Valença (tanto os que pretendiam vir, bem como os que estão indo embora).
Esperamos medidas que cesse a criminalidade, até porque não desejamos que chegue ao extremo da insuportabilidade, alcançando até mesmo os governantes, pra que só depois disso providencias exequíveis sejam tomadas.
Caríssima Morgana,
A respeito da educação e da simpatia dos cidadãos de Valença, realmente não há o que comentar: Vocês são SUPER hospitaleiros!!!
Parabéns!
Muito obrigado pelo convite.
Caríssimo Josafá,
Muito obrigado pela preocupação.
Paz e bem a todos!
Fortes, sinceros e fraternos abraços!
Caríssimo Sr. Pelegrini,
Desculpe pelo IMENSO descuido, de minha parte.
O senhor publicou o meu comentário como um “post” em seu blog e eu fui mal educado o suficiente para nem me lembrar de AGRADECER IMENSAMENTE pela grande gentileza!
Muito obrigado, Sr. Pelegrini, por publicar o meu comentário!
Novamente, por favor, desculpe a minha falta de educação de só agora atinar para agradecer-lhe.
Paz e bem!
Carlos.
Fico muito triste com está situação , pois tenho amigos em Portugal estavam anciosos para virem embora para Valença.
Mais agora estão pensativo se vem para Valença ou vão para outra cidade.