DESABAFO
Idália Castro*
Começo, pedindo a Deus, que conforte as famílias daqueles que estão indo embora desse mundo terreno, por causa da violência e ampare suas almas!
Há quem pense que a violência que está acontecendo em nossa Valença é somente culpa da PM e da PC, ledo engano! É muito simples reproduzir um discurso fácil, cretino e preguiçoso… Precisamos de mentes pensantes!
Há falta de TUDO, no que diz respeito a educação, emprego, segurança, saúde, dentre outras bases que ajudam a formar um ser humano digno, como sabemos e como tanto é dito, acaba por aumentar absurdamente a violência, a criminalidade, etc., mas, até quando nos contentaremos com as migalhas que nos é dada? Até quando nos confortaremos colocando a culpa nas “policias” PM, PC? ACORDA POVO DORMINHOCO E CEGO!
E me diga você que fuma um "bekzinho", uma “pedrinha ou brita”, que cheira seu "pozinho", já se perguntou filho da puta, o quanto você contribui com essa desgraça que é a violência e que um dia há de bater na sua porta sua "miséria" hipócrita?
E você, me diga, que deixa seus filhos ouvirem todo o tipo de música, que incentiva a prostituição, o uso de drogas, a violência, a diminuição da mulher, dentre tantas outras coisas negativas, que deixam e acham bonito as meninas pequenas dançarem e ralarem a "checa no chão ou na areia da praia" e os meninos pequenos cantarem "acender um beck pra relaxar", acreditam mesmo que isso não influencia nem exerce um efeito negativo em seus filhos? -Ah, uma musiquinha não faz mal algum, que caretice, Idália-. Além de os deixarem assistir todo o tipo de coisas que passam na TV. – Ah Idália, é por falta de opção!- Porra nenhuma, arranje um livro pra seu filho ler, ou conte uma história pra ele, produza coisas saudáveis, construtivas, use o dinheiro das tantas bolsas não sei o que, pra fazer o que você deve, que é investir na criação dos seus filhos.
Mas, fazer o que né, se os valores estão todos invertidos? Na verdade quem é que sabe o que são valores morais e tudo mais né? Se, em sua maioria, em casa, os pais não educam, deixam que a escola e os professores eduquem, se eximem das suas obrigações de pais, atribuem sempre aos outros o papel de educar seus filhos, seja professor, policial, babá, vizinho, filho mais novo, TV, internet… Pobres futuros adultos, se chegarem lá!
Esse é o meu desabafo como mãe, filha, mulher, policial militar (com muito orgulho sim, danem-se os "policiólogos" de plantão). Sei que muitos criticarão, não curtirão, talvez nem consigam ler meu desabafo, mas, acredito que isso há de chegar aos seus destinatários sim, pois sei que a gente pode ajudar a mudar as coisas também gente, "as autoridades" fazendo a parte delas e nós, a nossa, isso aqui tá pior que SODOMA E GOMORRA! Há muito a ser feito, eu sei, mas, coloquemos a mão na consciência e vamos fazer a bendita da nossa parte…
Perdoem-me as palavras desagradáveis, mas, pra mim, na maioria dos desabafos, são necessárias.
Que Deus guarde as almas dos que se foram por conta da violência em nossa cidade e que, mesmo eu achando que não vai cair do céu (pois todos temos que contribuir para ela), a PAZ reine entre nós!
*Idália Castro é Policial Militar em Valença
É isso aí Idália: comentário objetivo e direto.
Acredito que essa “ordem” estabelecida só vai mudar(se mudar) quando começarem a morrer inocentes(nem tão “inocentes” já que uma parcela significativa deles são usuários de drogas) filhos do poder, de deputados, senadores, governadores. Até lá, continuaremos a viver – se é que isso é vida – com medo e rezando para não sermos a próxima vítima.
Parábens, Idália pelo seu desabafo .Sou valenciana de coração e muito me entristece vendo as famílias deixando a educação dos filhos nas mãos de outras pessoas.Vamos cuidar fazendo a nossa parte.
A triste época de violência em Valença.
Caríssima Sra. Idália e caríssimo Sr. Palegrini,
Eu estava fazendo planos para pedir transferência do meu trabalho. Passaria a morar e a exercer o meu ofício em Valença.
Não que eu tenha deixado de gostar da cidade onde moro. Eu a amo. Mas o motivo para a mudança que pretendia é a vontade de “mudar de ares”, conhecer outra cidade, outros costumes, outra cultura.
Em função do trabalho que meu pai tinha, mudávamos sempre de cidades e de estados. A partir dos dois anos de idade, eu nunca morei em cidades onde tivesse parentes. Nunca tive um amigo de infância.
Isso fez com que a frase do “Velho Lua” (Luiz Gonzaga) se adequasse perfeitamente a mim e aos meus irmãos: “Quem sai da terra natal em outros cantos não para.”
Havia escolhido Valença porque gostei muito da sua história e dos seus costumes, além de ser uma cidade bonita, numa região de belezas naturais fascinantes.
Contudo, quando resolvi “dar entrada na papelada” para pedir a transferência, vários colegas começaram a me chamar a atenção para a, segundo eles, tão alardeada violência urbana na cidade.
Engraçado que há anos leio tanto sobre a cidade, mas não tinha informações a respeito. Mas como foram muitos os comentários, resolvi procurar sites da cidade e da microrregião e passei a ler as notícias atuais e passadas. Nesse caso, principalmente aquelas de até um ano atrás.
Me surpreendi e muito! Infelizmente, uma surpresa nada agradável!
A cidade onde resido é do mesmo porte de Valença, em torno dos 90 mil habitantes, e também fica na Bahia.
Todo o estado enfrenta sérios problemas de violência; todos sabemos disso.
A questão é que, na imensa maioria dos infelizes casos de homicídios, como todos os 9 que aconteceram na cidade onde moro, nesse ano, existem ligações com o crime, principalmente o tráfico de drogas.
Na cidade onde moro, no ano passado, o mais violento da história do município, foram 23 homicídios. Desses, apenas em um caso a vítima era uma pessoa que vivia dentro da lei, trabalhador, mas fez a infeliz opção de namorar uma mulher que tinha ligação com o tráfico de drogas. Parece que um traficante era apaixonado por ela ou algo assim.
O que vi, lendo nos sites de Valença e região (esse do Sr. Pelegrini e mais 10 outros), é que a questão se repete aí: a maioria dos homicídios acontece contra pessoas que tem alguma ligação com o mundo do crime.
Todavia, pelo que apurei, entre 1/4 e 1/5 das vítimas de homicídio em Valença, nos últimos 12 meses, tinham, ao menos, ocupação e residência fixas (por favor, me corrijam, caso eu esteja errado). Muitos, como as duas últimas vítimas de homicídio e a última vítima de tentativa de homicídio, na semana passada, são, sabidamente, pessoas honestas, cidadãos trabalhadores, sem qualquer envolvimento com a criminalidade.
Eu fiz essas leituras durante mais ou menos um mês e meio, concluindo essas observações numéricas no último final de semana.
Conversei com a minha esposa a respeito e decidimos desistir da mudança. Entreguei os documentos necessários para cancelar o pedido de transferência.
Quando digo tudo isso, muito longe de querer ofendê-los (nem pensem nisso!), o que quero é ajudar a mostrar aos cidadãos Valencianos que até as pessoas que vivem no mesmo estado, sabendo da violência que assola a Bahia, ficam surpresos e amedrontados com o problema de Valença.
Eu gostaria muito de poder ajudar a fazer algo pela cidade, mas a única coisa que posso fazer é desejar-lhes muito boa sorte e, principalmente, desejar que DEUS os ajude a resolver esse problema tão sério.
Fortes, fraternos e sinceros abraços a todos os cidadãos do município de Valença!
Cordialmente,
Carlos.
Olá Idália, realmente meus conterrâneos precisam acordar !! O que a nossa belíssima cidade vive hoje é apenas consequência da grave deficiência nas políticas públicas relacionadas à Educação, Saúde e Assistência Social o que faz com que a população escolha muito mal seus representantes e valorizando uma “cultura” inútil !!! Parabéns pelo comentário, e muita sabedoria em sua caminhada profissional!
A violência em Valença tem como fonte, política municipal corrupta e ineficiente, além da inversão dos valores jovens e família destruídas.
Nunca li um texto tão objetivo e carregado de emoção como esse.
Parabéns.Saiu do lugar comum e falou com toda racionalidade.
Hipocrisia é contribuir com este esquema de drogas (entorpecentes,músicas de apologia às drogas e comportamentos) e participar de campanhas,como muitos por aí.
Parabéns Idália!