CARTA ABERTA À POPULAÇÃO VALENCIANA, BAIANA, BRASILEIRA

Willekson Shadait*

Nascemos com sonhos. Lutamos, com toda garra para realiza-los. Passamos por cima de adversidades que somente nós sabemos o quanto é difícil superar. Entretanto, mesmo conhecendo o que nos espera, sonhar no Brasil é impossível. Ter esperanças de um futuro bom pra a gente, para as crianças, para os velhos… É Improvável! Cada um sabe os desafios que tem que encarar pra chegar à realização de seu “eu”, de sua felicidade, da felicidade dos que acreditam em você. Hoje, pouco mais de 400 pessoas/estudantes/guerreiros sofrem com a deterioração de um sonho construído ao longo da vida, dos anos. Nós, estudantes da UNEB, CAMPUS XV de Valença, Bahia, gritamos sem saber quem vai nos ouvir. Quem poderá nos ajudar? Chapolim Colorado? Não. Os super-heróis das histórias em quadrinhos, infelizmente não podem passar da barreira que a tinta e o papel lhes montam. O descaso do Governo com nós, soldados de batalha, é inimaginável. Imensurável, por que não dizer. Somos impotentes! E me dou a ousadia de falar pelos demais. Porque, assim como eu, muitos abandonam o aconchego do seu lar, as asas quentinhas de seus pais, avós, tios, para dar um passo adiante. Ser gente! Sim, gente, já que pra sobreviver e ser valorizado nesse país tão desigual tem que se esforçar e se apegar a maior riqueza que se pode herdar: o conhecimento. Sabedoria esta, que está sendo arrancada de forma voraz e desumana pelo governo do Estado da Bahia, no momento em que fecha os olhos e se cala para as mazelas sofridas por nós, pelo CAMPUS XV! Temos, na beira do mangue, um “elefante branco” que se constrói a passo de formiga e teima em nos entristecer com tal demora. Entristecer, digo, para os mais brandos. No meu caso isso é desesperador. Nesses quatro anos e meio em que sou UNEBIANO – com orgulho, ressalto honrosamente – vi que estudar em um prédio sem as mínimas condições para tal, não tendo estrutura alguma para suportar tantos vencedores correndo atrás de seus sonhos é, no mínimo, humilhante. Engraçado é olhar para trás e ver que HOJE estamos na rua, sem uma sala sequer para disseminação do saber. E de pensar que muitos de nós trocamos o feijão da mesa dos pais, irmãos, por caro aluguel numa cidade estranha, no intuito apenas de sobreviver e buscar o tão “sonhado” sonho! De levar de volta a plantinha que cultivamos, regada com o suor de quem nos representa. E isso não se trata apenas do estudante Unebiano. O estudante brasileiro vem tendo seu saber estuprado pelos governantes que pouco se importam com nosso futuro. Chego a óbvia conclusão de que a população tem que ser burra, tem que continuar burra para ajudar esses imundos a estar lá no topo, com o poder nas mãos e na sola dos lindos sapatos “Amadeo Testoni” que, a cada passo dado, esmaga o fraco. E, se essas palavras podem ser consideradas como protesto, venho protestar, GRITAR aos surdos que nos representam por uma solução digna e CLAMAR aos meus iguais que deem as mãos nessa luta, pois, se sairmos vitoriosos, o lucro não será individual. Será de todos! De uma sociedade que está cansada de viver subjugada aos poucos que riem de nós, com barras de ouro nas mãos. O Campus XV precisa funcionar! Chega de tanto descaso, de tantos sonhos furtados. E digo: não é funcionar estruturalmente, apenas. Todos nos precisamos, neste momento, funcionar a nossa máquina individual e correr atrás dos sonhos que se iniciaram com um simples nome da lista de aprovação do vestibular. Se UNEBIANO sempre foi guerreiro, o que tem de diferente agora? A hora é essa? A hora já passou.

*Estudante (ou melhor, guerreiro) do X semestre do Curso Bacharelado em Direito, UNEB, Campus XV.

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