Paraísos fiscais e a privataria tucana
Por Altamiro Borges
O Brasil é o quarto país do mundo em recursos desviados para os paraísos fiscais. A conclusão é de uma pesquisa encomendada pela organização Tax Justice Network, que comprova que de US$ 21 trilhões a US$ 32 trilhões sumiram de seus países de origem em ações para sonegar impostos e lavar dinheiro oriundo da corrupção, do tráfico e de outros crimes. O valor deste roubo da elite dos super-ricos equivale ao tamanho das economias somadas dos EUA e do Japão.
O estudo listou os 20 países onde há maior remessa de recursos para os paraísos fiscais. No topo está a China, com US$ 1,1 trilhão, seguida por Rússia (US$ 798 bilhões), Coréia do Sul (US$ 798 bilhões) e Brasil (US$ 520 bilhões – mais de R$ 1 trilhão). A pesquisa, feita com base nos dados do Banco de Compensações Internacionais, do Banco Mundial, do FMI e dos governos locais, trata apenas da riqueza financeira depositada nas contas dos paraísos fiscais. Bens como imóveis e iates não foram contabilizados.
Segundo reportagem da BBC, “o relatório surge em meio à crescente preocupação pública e política sobre fraude e evasão fiscal”. Para James Henry, responsável pelo estudo, “as receitas fiscais perdidas são enormes. Grandes o suficiente para fazer uma diferença significativa nas finanças de muitos países”. John Christensen, diretor da Tax Justice Network, observa que o dinheiro sonegado pelos super-ricos é “mais do que suficiente para manter os serviços públicos e erradicar a pobreza nestes países”.
Ricaços sonegam os impostos
O estudo constatou que apenas 100 mil ricaços, no universo de 139 países pesquisados, formam a elite mundial dos sonegadores com dinheiro desviado para offshores. Ele também comprovou que 50 bancos privados movimentaram US$ 12,1 trilhões nestas operações criminosas, com destaque para gigantes como UBS, Credit Suisse, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank. A pesquisa inédita não dá nome aos bois, mas serve para desmascarar alguns discursos das elites e dá pistas para novas investigações.
“As elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas não gostam de pagar impostos. No caso do Brasil, quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estão blefando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo”, comenta John Christensen. Diante dessa roubalheira dos ricaços, a recente campanha da mídia privada sobre a inadimplência dos pequenos consumidores brasileiros parece piada ou pura provocação.
Maluf e a turma do José Serra
Com a divulgação da pesquisa da Tax Justice Network, entidade que luta contra os paraísos fiscais, a imprensa nativa apontou seu dedo contra o ex-prefeito Paulo Maluf. Por razões puramente eleitoreiras, ela descobriu que Maluf é Maluf! De fato, o ex-prefeito deve ser investigado e punido por sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Na semana passada, surgiram novos indícios de que ele mantém recursos nas Ilhas Jersey, famoso paraíso fiscal. Caso fosse séria, porém, a mídia deveria seguir outras pistas da pesquisa.
Uma boa dica é o livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. A obra, que a mídia tentou sabotar, apresenta farta documentação sobre as fortunas desviadas para os paraísos fiscais no processo de privatização no reinado de FHC. Ela inclusive dá nome aos bois e até o número das contas nas Ilhas Virgens Britânicas. Entre os nomes citados: Verônica Serra, filha do tucano José Serra; Alexandre Bourgeois, genro do tucano José Serra; e Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro do tucano José Serra.
Dos US$ 520 bilhões remetidos do Brasil para os paraísos fiscais, qual será o montante que esta turma bicuda desviou? (Blog do Miro)
Pelegrini, boa noite e muito obrigado pela amizade e atenção. Vejamos que esta matéria nos leva a imaginar como temos que nos envolver na política e cobrar transparência, legalidade e justiça de forma forte em todas as ações que envolvam o dinheiro publico. A matéria nos coloca de frente com um volume de desvio e sonegação bilionários e impressionantes do ponto de vista da pobreza e miséria que vive o Brasil e outros países da América Latina. E para onde vai estes desvios e sonegação! Para as mãos de quem detém o puder e faz parte da burguesia mau-dita e perversa. Vamos cobrar, acompanhar e aprender a escolher e ou fazer parte destes governos a partir dos Municipios, Estados e da Federação. Cobrar, escolher e buscar mudanças que comecem a eliminar ou no mínimo punir essa cambada de corruptos e criminosos da sociedade, vivendo e manipulando o puder para se beneficiarem fbricando a pobreza e dominio dos mais fracos incapazes de esboçar qualquer reação como temos vividos a seculos e seculos da historia.
Abraço,
R Hage
Onde vai o dinheiro: “O banqueiro baiano Daniel Dantas está em vias de iniciar um megaprojeto turístico na Ponta do Curral, em Valença, paradisíaco local à beira-mar, no continente, ao Morro de São Paulo. De acordo com o colunista do jornal A Tarde, Levi Vasconcelos, o projeto, na primeira etapa, prevê a construção de resorts, 44 mansões e uma marina, que ficará no bojo da Baia de Tinharé. Daniel Dantas é dono de vastas extensões praieiras no trecho que vai da Ponta dos Garcez, em Jaguaripe, até Garapuá, em Cairu”.