COMEMORAÇÕES DO DIA DO INDIO NO BRASIL
Por Prof. Francisco Neto – Historiador
Por volta do século XII, antes da chegada dos Portugueses em terras Brasileiras existiam varias nações indígenas dentre elas as Caxinauá, Caingang, Tupinaé, Xamã,Patató,Imboré, Mongoió e as mais conhecidas do grande publico a nação Tupi composta pelos índios Tupiniquins,mas dóceis e os Tupinambá mais arredios e a Nação Tapuia, também conhecida por Aimoré-Tapuia e Botocudo
O chefe da tribo Tupi era chamado de Morubixaba e moravam em ocas que formavam aldeias protegidas por Caiçaras que eram cercas que rodeavam a aldeia, tendo como chefe religioso o Pajé com suas maracás que eram instrumentos que faziam os contatos com seus Deuses.
Tinham um a religiosidade extrema onde cultuavam todas as forças difusas da natureza,ou seja, o Deus Tupã conhecido como Trovão, a Deusa Jacy que era a Lua, o Deus Guaraci, Sol , o Anhagua que consistia no bem e no mal. Acreditavam em sonhos como pressagios da vida
Na região de Valença, antiga aldeia Una viviam os índios Tapuias conhecidos aqui por Botucudos ou Guerens, onde usavam um pires de madeira ou barro nos lábios, para demonstrar beleza e grande poder e ao contrario dos Tupis tinham uma vida nômade, não possuindo aldeias e dormiam no chão ao invés de redes. Eram grandes corredores ,guerreiros, tanto homens quanto mulheres, sendo antropófagos, ou sejam comiam carne humana e foram responsáveis pelo fracasso das capitanias hereditárias de Porto Seguro e Espírito Santo. Também não dominavam o cultivo agrícola e com quatro emboscadas venciam uma forte expedição portuguesa. Tinham pele clara, resistente parecendo um couro, evitando ferir-se na vegetação local. Comunicavam-se pela matas através de assobios e Guinchos imitando pássaros , ludibriando assim seus inimigos
Havia também outra tribo que praticava a antropofagia que eram os Tupinambá, que foram os criadores do ritimo Carimbó que depois foram aprimorados pelos Negros vindos da África.,onde usavam uma espécie de arma química para a época, que consistiam em jogar pimenta dentro da fogueira onde antes viam a direção do vento para assim jogarem fumaça apimentada em seus inimigos.
CERIMONIAL ANTROPOFÁGICO “COMELANÇA DE CARNE HUMANA”
Tanto os Tapuias/Guerens quanto os Tupinambás faziam um cerimonial antropofágico chamado IBIRAPEMA, nome dado a um pedaço de madeira o qual dava o golpe final para arrancar a vida do prisioneiro antes da degustação de sua carne.
Ibirá pema, que significa Madeira Esguinada, é um porrete com o qual matavam seus inimigos, que media mais de uma braça de comprimento. Onde era Untado a madeira com uma pasta grudenta, logo em seguida pegavam a casca cinzenta dos ovos de um pássaro chamado macaguá, trituravam-na até ficar reduzida a pó e faziam listras no porrete.
No outro dia era dado inicio a uma espécie de cerimônia Religiosa de Iniciação Ante-Morte, onde deveria ser cumprida ponto a ponto com todas as suas minúncias, sendo primeiro capturado o grande guerreiro, onde em seguida era levado para sua tribo, que era obrigado a gritar “aju NE Xe pee remiurama!”, ou seja “Estou chegando, sou a vossa comida!” momento em que as mulheres poderiam se divertir batendo e humilhando-o; logo após, era dado ao prisioneiro uma mulher para que com ela ele pudesse se saciar, ou seja, praticar sexo e caso desse relação sexual nascesse um curumim (filho), este era criado até seus 14 anos de idade e depois era morto da mesma forma que seu pai teria sido, pois acreditavam que o filho de um prisioneiro também deveria morrer quando estivesse na fase adulta.
Após essa fase e chegado o dia do cerimonial, o guerreiro que desferirá o golpe final já se encontra em treinamento há dias, treinado com arco e porrete, para que seus braços estejam rijos e não fraquejem diante do horror da morte.
Enfileirados no meio da Taba (Centro da aldeia) o prisioneiro antes da morte em um Cerimonial um tanto quanto mórbido para dias hodiernos, dizia seu algoz: "Aqui estou eu, vou matar você, pois os seus companheiros mataram e devoraram muitos amigos meus." O prisioneiro responde: "Se morro, também tenho muitos amigos que vão vigar-me”..Sendo que após estas palavras o Guerreiro de posse do Ibirá Pema, desfere um golpe certeiro na região da nuca do prisioneiro que caia ao chão com seu crânio aberto ensangüentado, ficando o corpo do já então sem vida prisioneiro tendo espasmos de movimentos até parar definitivamente. Momento em que varias índias da tribo corriam para cima do corpo, puxando-o para próximo da fogueira arrancando a pele e em seguida amputando-lhe os braços e pernas ,correndo em comemoração ao redor de uma fogueira feita ao centro da Taba. Ao lado do corpo inerte, mais índias talhavam o peito do guerreiro sacrificado com objetos rústicos instrumentos perfuro-cortantes, como se o fossem Necropcia-lo, e retirando-lhes as vísceras e da cabeça os miolos que seria feitos um mingau chamado de Moquém, que seriam servidos somente para as mulheres e crianças. Ainda vedando-lhe o Ânus do morto, com um tufo de madeira para nada escapar, nem mesmo as fezes que também eram aproveitadas no banquete.
As partes rijas, como os braços , pernas, peito eram degustadas pelos homens que acreditavam assim incorporar a força, a agilidade do jovem e valente guerreiro morto.
Ressalta no livro de Hans Staden de Hansen que bem no momento da comilança de carne humana, podiam sentir uma conotação sexual,ou seja o prazer sexual em comer carne humana ,sendo comum as mulheres a degustar pedaços do inimigo morto ao mesmo tempo masturbarem-se, conforme desenhos feitos pelo naufrago na própria época do acontecido.
Após a morte do prisioneiro e a distribuição dos seus Bocados (pedaços) para os membros da tribo, o matador tinha seu resguardo, espécie de resguardo Uterino e privava-se do sexo por cerca de um mês, pois acreditavam que se sua mulher engravidasse neste período, poderia o feto ser o “Filho da Cabeça”, achando que a paternidade seria do guerreiro morto e não sua, e com certeza no futuro este filho do Guerreiro sacrificado poderia querer vingar-se da morte do seu Pai (em espírito) pela frase dita no momento da morte. Recebia Também o Guerreiro Matador mais um nome e uma marca (cicatriz) no corpo que simbolizava Honra poder de um grande guerreiro.
GUERRA DOS GUERENS
A nação Botocuda/ Guerém/ Tapuia de Valença, nomes dados em diferentes épocas da Historia, travou uma sangrenta batalha com os Portugueses na região litorânea da Bahia, atual Costa do Dendê, que ficou conhecida como a Guerra dos Guerém que durou cerca de 30 anos e terminou em 1750, contradizendo então desta forma, as teorias positivistas que estigmatizavam os índios como passivos, preguiçosos e facilmente controlados. Ao contrario, esses não se deixaram escravizar e lutaram bravamente com um sistema de resistência extremamente organizado ,como o acontecido na America Espanhola, onde os Ameríndios, antes da chegada dos Exploradores/Colonizadores,quem fosse pego bêbado sem motivo, poderiam sofrer a pena de Morte, pois usavam a bebida para exaltação em cerimoniais de suas divindades, contudo com o aprisionamento e exploração por parte dos Europeus, os índios passaram a manter-se embriagados para não terem que trabalhar para seus opressores como forma de resistencia. Outra forma de resistência organizada pelas nações indígenas na America Espanhola foi sem dúvida a negação da palavra, ou seja, a recusa de falar com seus “colonizadores”, sendo severamente castigados ,humilhados e muitas vezes mortos.
A resistência organizada no litoral do Brasil , tendo sido invadido a cidade histórica de Cairu, onde moravam ouvidores do Rei e figuras políticas ilustres da época que tiveram que fugir e se refugiarem nas ilhas componentes do arquipélago de Tinharé como Gamboa do Morro, Morro de São Paulo, Boipeba, Garapuá e outras, por serem esta nação indígena péssimos navegadores de longas distanicas, contribuindo assim para o povoamento da referidas ilhas pela colonização Portuguesa. Até o momento dos índios terem sido pacificados por frades italianos, chefiados pelo Frei Bernardino de Milão, que acabou organizando um povoado ao sul da Bahia à margem direita do Rio Una , com cerca de 450 índios Guerém, em volta de uma capela que recebeu o nome de Capela de Nossa Senhora do Amparo,
. Desta forma pode-se então inferir que a nação indígena ao contrario do que conta a historia positivista foram extremamente organizados, mantendo suas formas de resistências, religiosidade, cultura, cerimoniais, sistema de educação. Essas nações indígenas foram expropriados, tiveram seus Deuses desdenhados, costumes rechaçados, esposas estupradas, suas crianças bolinadas,onde esmagaram seus sonhos em nome de uma colonização e uma salvação que ninguém havia pedido.Enfim os colonizadores europeus quer fossem espanhóis, português ou holandeses não levaram em consideração o respeito pela cultura e costumes locais, impondo a força seus dogmas e preconceitos sobre o que não conheciam, implantando então o etnocentrismo no novo mundo.
http://www.bahianoticias.com.br/principal/noticia/115149-itabuna-seis-vereadores-sao-afastados-por-envolvimento-em-irregularidades.html
http://www.bahianoticias.com.br/principal/noticia/115161-prefeituravel-em-brumado-deputado-fica-indignado-com-divulgacao-de-pesquisa-‘mp-tem-que-tomar-provid.html
Esse professor Neto é mesmo retado, sabe é de coisa.Parabéns por mais esta aula de historia sobre as comunidades indigenas de nossa região e do Brasil.
Gostei muito desse artigo,interessantissimo.
Pelegrini voce deveria postar mais coisas desse tipo ,interessantes e culturais em seu blog, pois só politicagem,politicalha fica chato.Estou começando a evitar ler o seu blog,porque só fala de politicos que falam mal um do outro e assim por diante.
Vamos aumentar o nivel da conversa e dos assuntos.Quer falar de politica tudo bem,mas não só isso.Valença tem tantas coisas boas para se falar e tantas necessidades para se conquistar
Muito bom artigo do prof francisco Neto que é um grande homem na area da historia e um grande policial civil
Inicio este comentário, com palávras de congratulações ao amigo Pelegrine, por ter conquistado com competência, um espaço de credibilidade no processo de informação do Estado da Bahia.
Com relação ao artigo do Professor Francisco Neto, a respeito da cultura indígena de nossa região (Tapuia/Aimoré), fica evidente seu brilho existencial como pesquisador e responsável pelo resgate da formação cultural do povo brasileiro. Este fato é extremamente necessário na busca do ser humano integral que caracteriza o ser contemporâneo da pós-modernidade.
A vida do Prof. Neto é um permanente gesto de coragem, rebeldia e edificação. Ao mesmo tempo culto e talentoso. Sua individualidade, original e fascinante, configura-se como um exemplo para todos os historiadores da nossa época.
Dentro desse universo histórico, um trabalho sobre a questão indígena insere-se plenamente dentro os que necessitamos, indispensáveis para o conhecimento dos fenômenos culturais.
A verdadeira história do povo brasileiro, ainda está por ser escrita no seu todo. Só assim, iremos nos entender, pois o presente ainda é história, de que nada ou pouco sabemos. Temos que estruturar o conhecimento do passsado para o presente, com a perspectiva de projetar-mos um futuro mais dígno para nossos filhos.
Professor Francisco Neto, fique com os agradecimentos de todos os que amam o Brasil.
Prof. Edgard Oliveira.
Veja como está esse blog, cheio de autoridades em história. Professor Neto e Professor Edgar, dois grandes historiadores. Foi por causa desses dois professores que Valença conheceu a sua história, e o seu passado. Temos muito a agradecer a esses dois. O Professor Edgar, diga-se de passagem é um filho que adotou Valença como mãe, apaixonou-se tanto pela terra que escreveu um livro contando a história desde o início de tudo. O Professor Neto que é um apaixonado pela história dos índios brasileiros, aprofundou-se em conhecer sobre a vida dos nossos índios, índios valencianos (risos).
Temos muito a agradecer a esses dois homens pelo enriquecimento do nosso saber. Parabéns aos professores, desbravadores da nossa história.
O Professor Edgar está prestes a lançar outro livro, só poderia ser sobre Valença.
Por: Franco Adailton (Atarde)
Não haverá reposição de aulas, caso o Estado mantenha a liminar que determina o corte do ponto dos professores, afirmou o presidente da APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado, Rui Oliveira, durante assembleia da categoria, no CAB (Centro Administrativo da Bahia), nesta sexta, 27. A greve caminha, neste sábado, 28, para o 18º dia, sem que governo e professores ponham fim ao impasse, que tem gerado prejuízo para cerca de 1,5 milhão de estudantes em todo o Estado.
Também nesta sexta, enquanto participava de uma cerimônia de comandantes do 2º Distrito Naval, no Comércio, o governador Jaques Wagner reiterou a posição do governo, de que não há possibilidade de reajustar o salário dos professores da rede pública estadual ao nível do piso nacional, fixado atualmente em 22,22%, sob pena de descumprir o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal.
“Não existe hipótese alguma de aumentar o piso dos professores para a porcentagem que eles exigem. Se for dado este aumento, será uma despesa de R$ 500 milhões por ano”, declarou Wagner, para quem o salário dos professores “está entre os melhores do país”. “Deve haver um bom senso, pois, tenho de cumprir com o limite fiscal que é imposto. Peço aos professores que retornem às aulas, para não acontecer tantos prejuízos aos alunos”, convocou o governador.
Fundeb – Autor de uma tese de doutorado sobre o antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), atual Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o professor doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Wellington Aragão desconstrói o discurso que o governo do Estado sustenta.
“É estranho o Estado dizer que não tem recursos para pagar os professores, uma vez que 60% das verbas do Fundeb são para o pagamento dos docentes, desde a pré-escola até o ensino médio”, acrescentou Aragão, ao avaliar que o livre trânsito do governador Jaques Wagner com a presidente Dilma Rousseff, ambos do PT, seria um facilitador para a captação dos recursos.
Cortejo fúnebre – Carregando um caixão de madeira, acompanhado por cruzes com as fotos dos deputados da base governista que aprovaram a Lei 19.779/12 – que converte a remuneração dos docentes de nível médio em subsídio –, os professores saíram em cortejo fúnebre pelas avenidas do CAB, da Assembleia Legislativa, passando pela Governadoria, até a Secretaria da Educação, para simbolizar o “enterro do projeto de educação baiano”.
“O governador manda dizer que está aberto ao diálogo, mas pede que a Justiça determine o corte do ponto. Dessa maneira, o ano letivo vai ficar comprometido porque não voltaremos às aulas”, desafiou o presidente da APLB, Rui Oliveira. De acordo com o dirigente, a disputa com o Estado deixou de ser jurídica para se tornar política. “Toda ação cabe recurso. Vamos recorrer até a última instância”, assegurou Oliveira.
Conforme a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Educação (Ceduc) do Ministério Público estadual, procuradora de Justiça Terezinha Lôbo, a APLB tem 15 dias para apresentar a defesa contra o recurso que declarou a greve ilegal, no último dia 17. Segundo Lôbo, a instituição aguarda a convocação judicial para se manifestar nos autos do processo. “A mediação independe do resultado da ação”, afirmou.
*Colaborou Geisa Lima
Agradeço pelas palavras a meu amigo e confrade prof.Edgard que é um grande incentivador da pesquisa cientifica em nossa região.
Que bom que o amigo se convalesceu e está novamente produzindo livros e pesquisas
Grande abraço meu colega
Parabéns ao prof. Neto por esse belo artigo,é desse tipo de informação que precisamos, é muito bom poder ler, aprender e saber o que realmente aconteceu com os índios.