Pesquisa revela que a Igreja de Nossa Senhora do Amparo é mais antiga do que se imaginava

Levantamento de novas fontes históricas aponta que o templo já existia no século XVII, ampliando a compreensão sobre as origens de Valença
Novas descobertas estão ajudando a recontar parte importante da história de Valença (BA). Uma pesquisa conduzida pelo historiador e professor Paulo Vitor Souza da Luz, identificou documentos que indicam que a Igreja de Nossa Senhora do Amparo teria sido construída por volta de 1673, e não em 1757, como afirmava antigas produções sobre o passado da cidade.
Os novos achados surgiram durante o desenvolvimento de sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em História do Atlântico e da Diáspora Africana, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), e revelam que a devoção a Nossa Senhora do Amparo remonta ao período da retomada da povoação às margens do Rio Uma por volta de 1673.
De acordo com o pesquisador, o estudo foi possível graças ao recente avanço na digitalização de acervos históricos. “Muitos documentos de Valença se perderam ao longo do tempo, mas felizmente parte desse patrimônio foi preservado em arquivos de Salvador e do Rio de Janeiro. O acesso a esses registros tem permitido novas interpretações sobre as origens da cidade”, explica.
Entre as fontes analisadas, encontram-se registros de batismos realizados entre 1700 e 1750 e documentos do século XIX que já descreviam a Igreja do Amparo como uma edificação dos “primórdios do século XVII”. Há ainda menções, no início do século XX, à existência de uma antiga lápide funerária vinculada à capela, relacionada a uma benfeitora falecida em 1728. Esses indícios reforçam a hipótese de que o templo tenha sido erguido muito antes de 1757, como se acreditava até então.
Naquela época, a santa era invocada, inclusive, como “Nossa Senhora do Amparo dos Navegantes”, denominação associada à posição estratégica da capela voltada para o rio. Somente no século XIX a devoção passou a ser vinculada ao universo operário das fábricas têxteis, consolidando o título que permanece até hoje.
Para o historiador, mais do que corrigir datas, o objetivo é compreender a profundidade histórica do território. “Esses registros não anulam as pesquisas anteriores; ao contrário, ajudam a completá-las. Valença tem um passado rico, e revisitar suas origens é também uma forma de valorizar a memória do seu povo”, afirma Paulo Vitor.
O estudo, segundo ele, seguirá em desenvolvimento no doutorado, quando pretende aprofundar a análise teórico-metodológica das fontes. Enquanto isso, o projeto Memorial Amparo, o qual ele é curador, segue como espaço de difusão e reflexão sobre a Festa do Amparo enquanto patrimônio cultural de Valença.
Se transformar o TCC em um livro, serei o primeiro a adquirir. Um povo sem memórias é um povo sem referências, portanto sem futuro!!!