Nota oficial da ANJ sobre as declarações do presidente Lula a respeito do papel da imprensa

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O presidente Lula afirmou no dia 18 de setembro, em Campinas, que “vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político”, dizendo, em seguida, ainda referindo-se à imprensa, que “essa gente não me tolera”.

É lamentável e preocupante que o Presidente da República se aproxime do final de seusegundo mandato manifestando desconhecimento em relação ao papel da imprensa nas sociedades democráticas. Mais uma vez, provavelmente levado pelo calor de um comício, o presidente Lula afirmou neste sábado, em Campinas, que “vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político”, dizendo, em seguida, ainda referindo-se à imprensa, que “essa gente não me tolera”.

É lamentável que o chefe de Estado tenha esquecido suas próprias palavras, pronunciadas no Palácio do Planalto, no dia 3 de maio de 2006, ao assinar a declaração de Chapultepec (um documento hemisférico de compromisso com a liberdade de imprensa). Na ocasião, ele declarou textualmente: “… eu devo à liberdade de imprensa do meu país o fato de termos conseguido, em 20 anos, chegar à Presidência da República do Brasil. Perdi três eleições. Eu duvido que tenha um empresário de imprensa que, em algum momento, tenha me visto fazer uma reclamação ou culpando alguém porque eu perdi as eleições.”

O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes. Convém lembrar também que ele jamais criticou o trabalho jornalístico quando as informações tinham implicações negativas para seus opositores.

20 de setembro de 2010

Associação Nacional de Jornais

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3 Resultados

  1. FACOM disse:

    É lamentável esse comportamento vindo do Presidente de uma Repúblicda Democrática, mas quando se olha seus “companheiros”, percebe-se que “A COISA” pode piorar e muito!

    AVE CHAVEZ!

  2. carlos Promedis disse:

    Eu colocaria: “É preocupante e lamentável…”.
    Há duas espécies de medo, mais difundidos do que se imagina: o medo das realidades, que faz muitos jovens mergulharem no crack, e se poderia inverter a célebre fórmula de karl Marx e dizer que o ópio se tornou a religião do povo – e que conduz os adultos a defender-se do real por meio da tela de cinema, ou da TV, que transformam o mundo exterior em estado de ficção, de sonhos, ou de pesadelo, que um botão ilumina ou apaga…
    E há o medo dos governantes tirânicos em relação à imprensa livre, pois é o medo de que os cidadãos do país que eles mantêm prisioneiros pela propaganda oficial, medo que esses cidadãos digam “não” ao sistema de governo.Se o Legislativo e parte do Judiciário já estão de joelhos perante o Executivo… só nos resta defender a imprensa livre e rezar para que ela se mantenha livre!

  3. NIL disse:

    Só pra refletir: A imprensa é mesmo livre para emitir opiniões, condenar, usar de sensacionalismo na veiculação de denuncias, para informar e criticar, também. Tem que ser livre sim. Mas este mesmo discurso de liberdade deveria ser exarado para defender o direito das pessoas de, também, assim como a imprensa, emitir opiniões. O presidente tem todo o direito de achar que alguns jornais e revistas se comportam como partido político ou não tem? Por outra banda, qual é mesmo o papel da imprensa nas sociedades democráticas? é o daquele seguimento da imprensa que ajudou a eleger o Collor quando propagou a figura do Presidente super-herói “caçador de marajás” que pilotava caças? Ser a favor da liberdade de imprensa não significa que tenhamos que fechar nossos olhos. Devemos ter um olhar crítico para tudo que vemos, lemos e ouvimos. Ser a favor da liberdade de imprensa, não significa que não devemos criticá-la. A imprensa não pode e não deve está acima de todas as coisas. Ela pode a ter ser o quarto ou o quinto poder, mas não pode querer calar a pessoas com esse argumento de que qualquer critica que se faça a seu respeito é um atentado a liberdade de imprensa. A imprensa não é e nem deve ser intocável. Agora, esse discurso de que o presidente é contra a liberdade de imprensa só porque ele acha que alguns setores da imprensa estão contra a eleição de sua candidata é tão opressor quanto ao que fizeram aqueles que, verdadeiramente, calaram a imprensa – A DITADURA.

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