SOS PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE VALENÇA

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Foto: Adriano Pereira

Por Ricardo Vidal*

Nesse mês de Julho, dois sobrados antigos de Valença se tornaram notícias: a demolição do que pertenceu ao finado Aloísio Evangelista da Fonseca na Rua Comendador Madureira e o desmantelamento daquele onde funcionou a Casa Pernambucana, na Praça da Independência. Com isso, nossa cidade perdeu mais dois prédios do nosso já muito desfalcado patrimônio histórico e cultural e entra novamente na contramão do desenvolvimento – principalmente como cidade “turística” (sic). E está mais do que na hora da Prefeitura e da Câmara de Vereadores darem um basta nesse crime de lesa-pátria.

Refiro-me como crime de lesa-pátria o descaso e a rapina contra o nosso patrimônio que estamos sendo submetidos. Todos os povos e cidades desenvolvidos sabem que os primeiros passos para se ter um futuro próspero é conhecer e preservar seu passado, sua memória histórica. Roma, Paris, Buenos Aires e Pequim só são as cidades pujantes de hoje (metrópoles modernas e respeitadas no mundo) porque souberam preservar os marcos do seu passado.  E ninguém se engane: são prédios arquicentenários como a Cidade Proibida e a Fonte de Trevi que atraem os turistas. Mas essa preservação não se dá apenas pelo turismo. Conhecer o próprio passado através de monumentos é o primeiro passo para se e levar a auto-estima da cidade e fazer sua população batalhar pelo progresso. Não existe romano ou portenho que não se encha de orgulho quando discorre sobre a história de sua cidade. E quem conhece REALMENTE a história de Valença da Bahia (por sinal, muito riquíssima e de fazer inveja a muita cidade grande do estado) AMA nossa cidade.

Mas preservar um patrimônio não significa deixá-lo intocado e “morto”, nem impedir a chegada de novos prédios e empreendimentos para nossa cidade. Como lembrou meu confrade acadêmico Francisco Neto (em mensagem no Facebook), preservar significar da um uso social ao patrimônio. È conservá-lo e fazê-lo um local urbanisticamente “vivo” dentro da cidade, seja como prédio comercial, seja como centro cultural – como no caso da Galeria dei Ufizzi, antigo prédio administrativo transformado em museu na cidade de Florença. E quando aos novos empreendimentos, Valença dispõem de muitos terrenos que se constituem em novas fronteiras imobiliárias, a exemplo do Novo Horizonte. Construir nesses locais (em lugar de demolir o centro) ajudar a fazer crescer nossa cidade – como o bom senso e a prática em demonstrado no mundo afora.

Devido a esse valor ESTRATÉGICO do patrimônio histórico para o desenvolvimento que se faz necessário uma ação mais enérgica e pró-ativa do poder público. Neste caso é que vemos o descaso e a inépcia da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Valença em relação a esse setor.  Até agora não se viu uma ação concreta da Prefeitura no que se tange a conservação e preservação de nosso prédio histórico – seja com campanhas de conscientização, seja com investimentos diretos. Pelo contrário, em junho passado ocorreu à mutilação da fachada do Theatro Municipal promovido por um funcionário da própria prefeitura. Por outro lado, caberia nossa Câmara Municipal seguir o exemplo de Fortaleza e aprovar uma Lei Municipal de Tombamento, incentivando a prática da preservação do patrimônio histórico, mesmo dentre os particulares. Espera-se que, com a próxima da próxima eleição municipal, tanto a prefeita como os vereadores façam algo para corrigir essa mancha que atrapalhará os votos dos que querem se reeleger.

Diante dos fatos, torna-se urgente que o povo e o poder público valenciano (nem que seja por interesse eleitoreiro) abrace a causa da preservação do nosso patrimônio, através de ações concretas e enérgicas. Isso se quiser termos mesmo cidade viva do qual falar….

*Ricardo Vidal – Escritor, especialista em Estudos Linguísticos e Literários – UFBA. Membro da AVELA (Academia Valenciana de Educação, Letras e Artes)

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