A MORTANDADE INFANTIL NA MATERNIDADE DA SANTA CASA DE VALENÇA

Por Irene Dóres

O senso comum popular  afirma aos quatro ventos que a saúde no Brail está na UTI. Alguns seguimentos culpam os políticos, outros, o governo de forma geral, O que quase  nunca se cogita é atuação humana em determinados casos.

Em Valença, por exemplo, fala-se muito mal do atendimento na Santa Casa de Misericórdia, o que não é tão irrelevante, há depoimentos sobre enfermeiras grosseiras, porteiros sem noção de realidade que querem impor ao paciente uma espera para além do que ele pode suportar. Mas o grande problema mesmo, atualmente se encontra no Centro Cirúrgico e as maiores vítimas são as parturientes que estão perdendo seus filhos como se perde uma comida que se esqueceu no forno, passou do ponto e estragou.

Antes de relatar a mortandade dos bebês, vamos falar sobre regulação da saúde em Valença. Forma de enviar doentes de Valença para hospitais mais bem equipados de outras cidades. Esse convênio, segundo informações que foram dadas por anônimos, foi realizado ainda no governo de Ramiro Queiroz, por alguém que possivelmente recebeu alguma propina para enviar os doentes graves de Valença Itabuna, nesse contexto quem vai para lá está quase com garantia de morte, a menos que Deus resolva socorrer por milagre. Como quase nunca encontra vaga por lá, o doente daqui é jogado para Salvador com uma perda de tempo muito grande, o que só agrava seu estado de saúde.

O programa de regulação em si, foi criado para evitar que um paciente fique vagando  na capital até encontrar um hospital que o acolha, porém, é um mecanismo que escolhe quem pode viver e morrer. Primeiro: existe uma lista de determinações para que uma pessoa seja socorrida, e até ela vencer tais exigências já morreu. Segundo: para se encontrar uma vaga na regulação é preciso que se tenha um deputado ou outro político poderoso que agilize o processo para salvar o doente e nem todo mundo tem. A maioria das pessoas que entra na regulação morre, no ano passado eu presenciei uma jovem morrer na Santa Casa esperando a regulação que não aconteceu, e nesse final de  semana o fato se repetiu com o bebê neto de minha amiga.

Todos aqui em Valença sabem que os nossos médicos não dão mais plantão no Centro Cirúrgico, por quê será? Então, são importados açougueiros (médicos) de outras cidades para matar os bebês que nascem pelo SUS aqui em Valença e a mortandade acredite, está muito alta, porque eles querem fazer o parto humanizado, mas o que é um parto humanizado? É deixar a mãe e o bebê sofrendo por horas, até que ele fique sem oxigênio e morra? É forçar uma mulher que não tem condição de ter um filho normal a parir e retirar o bebê sem vida? Humanização é tirar a vida de cinco bebês num só final de semana?

Para além da desumanidade demonstrada pelos açougueiros(médicos) visitantes, a precariedade do Centro Cirúrgico é muito grande, inclusive falta  objetos essenciais como um aparelho de ultrasson para avaliar como está o bebê nos momentos que antecedem seu nascimento, esse exame possibilita ao médico e ou açougueiro a perceber a necessidade de fazer uma cesárea, mas parece que o SUS está pagando mais pelo parto normal, nesse caso, a vida fica em segundo plano. Além do mais a Santa Casa parece que não enxerga sua responsabilidade no oferecimento de serviços à comunidade, principalmente no momento de trazer uma vida ao mundo. Nessa mesma linha de pensamento seguem os  açougueiros  que agem de qualquer forma e sem utilizar sequer a intuição para realizar um trabalho humanizado.

Essa forma de atuação da Santa casa vem provocando na população que nasce em Valença pelo SUS e até por alguns planos de saúde, doenças neurológicas e morte por causa da imperícia dos açougueiros(médicos) que se encontram nos plantões diários.

Nesse final de semana o neto de minha  colega de trabalho e mais 04 bebês foram vitimas do atendimento desses açougueiros que dizem estar humanizando os partos em Valença. O bebê de minha amiga, resistiu bravamente por trinta horas, depois de nascer sem sinais vitais por enforcamento com o cordão umbilical, acidente este que poderia ser evitado se, no Centro Cirúrgico,  fosse realizada a ultrassonografia  do feto para saber qual seria sua condição de nascimento. Acidente ou negligência? Um Centro Cirúrgico sem ultrasson, um pseudo médico sem consciênca ou competência, porque morrer cinco crianças em um Centro Cirúrgico durante um final de semana… É  gritante que existe ali algo errado e muito errado.

O bebê neto de minha amiga faleceu por esses motivos e por causa da regulação que não chegou ha tempo, nós corremos atrás, mas, final de semana não se encontra deputados para agirem de imediato, é preciso dar muitas voltas para chegar até eles. Então, quando a UTI móvel foi designada para transferi-lo para Salvador, ele não mais resistiu, foi muito sofrimento em trinta horas, várias paradas e nenhuma condição de socorrê-lo satisfatoriamente aqui.

Quero aqui deixar exposto, que nesse momento pude contar muito com duas mulheres de Valença que correram desesperadamete a procura de vaga para o bebê  e de deputados e senadores que pudessem agilizar isso rápido, elas conseguiram, mas como era fim de semana já havia passado muitas horas.

Meus agradecimentos a Jucelia Nascimento que desde o primeiro momento em que tomou conhecimento agilizou pessoalmente a troca da regulação para Salvador e começou a caça pelo senador e deputado. Meu agradecimento a Cíntia Rosemberg que se desdobrou em Salvador para conseguir a vaga e a todo momento esteve em contato comigo e com o hospital para acompanhar o estado de saúde do bebê. Não foi possivel salvá-lo, mas sei o quanto vocês lutaram comigo e se ele não tivesse tantas paradas estaria em Salvador na UTI neonatal se recuperando. É nessas horas que se percebe com quem se pode contar.

O bebê, neto de minha colega de trabalho, assim como os outros quatro,  se foi, por negligência, incompetência, descaso, cinco  familias estão em choque, olhando para um enxoval sem criança para usar,  porém espero que a direção da Santa Casa de Misericórdia tome uma atitude em relação à mortandade dos nasciturnos, isso não pode continuar acontecendo. Humanizar é cuidar para preservar a vida!

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5 Resultados

  1. marcio vieira disse:

    Cara Irene Dóres,

    Reconheço em alguns médicos de Valença a bravura e dedicação, mas tenho certeza que a Santa Casa de Misericórdia não vai apurar nada, hoje faz cinco anos que eu abrir um procedimento de queixa e nunca recebi uma resposta. Aconselho as mães a procurarem o MP se lá encontrar alguém disposto a apurar. OU a Delegacia de Polícia mais próxima.
    Fico muito triste em saber de mais uma história das dezenas de negligência médica acontecia em nossa cidade.

  2. sandro disse:

    Realmente, nossa família esta em choque com todo este descaso. É irreparável todo este sofrimento e angustia que começamos a passar desde sexta pela manhã. Foram nove meses de alegrias, planejamentos e sonhos para ser destruídos em 2 dias. Nossa angustia começou desde a entrada no Pronto Socorro de Valença ás 9h da manhã quando um ptibull (funcionário da chamada Santa Casa de Misericórdia de Valença que de misericórdia não tem nada) disse que a nossa gestante com 39 semanas, perdendo liquido teria que esperar todos que estavam ali para ser atendida. Sobe aqui, desce de lá conseguimos com que ela fosse atendida logo, porém o açougueiro (médico) só começou a examinar as gestantes 13h quanta coisa pode acontecer em 3h hem?!Sem saber noticias nenhuma do que estava acontecendo no cento cirúrgico já estávamos desesperados, deu 18h e ficamos sabendo que a nossa gestante havia dado a luz às 17h,porém não havia descido ainda do centro cirúrgico algo estranho acontecia . Forçaram a nossa gestante a ter o bebê “normal” e não fizeram a ultrassom dela. Há lembrei! Esse ultrassom na verdade nem existe no centro cirúrgico. Enquanto puxavam o bebê para fora cada vez mais ele ficava sem oxigenação no cérebro, pois estava com o cordão umbilical preso no pescoço, a gestante viu que não aguentaria mais pediu ao açougueiro que fizesse uma cesariana e ele se negou a fazer. Nosso príncipe nasceu morto e todos na sala ficaram em silencio depois que viram a “merda” que tinham feito. De repente todos os médicos apareceram no centro cirúrgico conseguiram reanima-lo, e levaram-no imediatamente para o Neonatal, ops! O nome é matadouro por que desde a hora que nosso bebê entrou ali foi morrendo de um em um (todos pelo mesmo médico) e no dia das mães recebemos a noticia de óbito.
    Obs: Esse “Neonatal” é de enfeite, pois, não existem equipamentos necessários para manter as crianças.
    Minha família esta inconformada com essa situação. Gente! Como pode em dois dias falecer 5 crianças e do mesmo médico. Quantas famílias já passaram por esse sofrimento e quantas mais irão passar se não tomarem já uma providência? São vidas que vão ali e não algum objeto que pode ser descartado.

  3. O Incoformado disse:

    Penso que tem situações que dependem de investimento e que nem sempre esses recursos são tão fáceis de conseguir. Mas tem coisa que não depende de recurso nenhum é apenas GESTÃO. Ou seja FALTA DE GESTÃO. Por exemplo, capacitação dos profissionais que lidam diretamente com os pacientes (porteiros e afins). Não existe o maior cuidado na seleção deste pessoal nem treinamento nem fiscalização de conduta. Outra coisa, exigir que os médicos cumpram suas obrigações. Os médicos assinam contrato (creio eu) onde existem as obrigações profissionais como cumprimento de carga horária…..
    Rezemos todos para que tenhamos saúde….muita oração.

  4. rose disse:

    Tenho 27 anos e um dia penso em engravidar, em ser mãe, mas do jeito que esta a santa casa de misericórdia de Valença, esta muito dificil. Cada dia meu sonho fica pra trás.

  5. mariana disse:

    É um absurdo saber que temos um hospital em nossa cidade e temos medo de em uma emergência ir nele pois podemos ir e não voltarmos pois a inegligencia tá muito grande, fico muito triste pelo que está acontecendo com as gestantes pois não tenho filhos mas pretendo ter mas tenho medo desse açougue que é a santa Casa de Valença, esses profissionais que dizem que são profissionais tem que ter amor pelo que faz, amor a sua profissão pois eles estão trabalhando com vidas e não com objetos. Põem a mão na consciência e imagine a dor que cada mãe que perde seus filhos sentem.

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