A Espetacularização da Morte de Campos

Por Professor Ailson Oliveira

A morte de Eduardo Campos e a possibilidade de Marina Silva deixar a posição de candidata a Vice-Presidência e encabeçar a chapa de sua Coligação mudou momentaneamente o cenário político eleitoral para a Presidência da República, mas a questão ideológica vem perdendo força para o apelo emocional, o que por certo despolitiza o processo eleitoral.

Com a morte de Eduardo Campos, o nome de Marina Silva estava longe de ser consenso na coligação e principalmente no seu atual partido, o PSB, devido o interesse da ambientalista de garantir o registro do Partido Rede Sustentabilidade e das divergências em relação ao agronegócio.

Diante do fraco desempenho do PSB nas pesquisas de intenção de voto nos estados e do aual momento de comoção nacional, os principais líderes passaram a defender Marina Silva como o nome natural para substituir Eduardo Campos para revitalizar as campanhas dos correligionários. Tal postura sinaliza despolitização do processo eleitoral que pode apresentar resultados imediatos, mas não se manter até o dia das eleições e favorecer a Presidente Dilma.

A exposição midiática tem peso no comportamento do eleitor, mas não é suficiente para o (a) candidato (a) obter êxito no dia da eleição. No caso em análise, garantir a passagem para o segundo turno. É necessário considerar que Marina Silva precisa da energia vital nos estados que é o palanque competitivo. As atuais pesquisas mostram que isso está longe de acontecer e não parece uma estratégia adequada espetacularizar a morte de Eduardo Campos porque o eleitor não é só emoção, ele acompanha os fatos, vivencia a dinâmica dos acontecimentos políticos e se identifica com alguns modelos de gestão, os quais costumam embasar o seu voto.

Os Correligionários sabem que com Marina Silva como candidata a Presidência da República não há expectativa de legado algum para o PSB devido sua disposição em registrar o Partido Rede Sustentabilidade. Então ela seria apenas uma alternativa para tentar salvar candidaturas que estão em perigo nos estados. Renata como candidata a Vice-Presidente é parte deste pragmatismo político e também alternativa para manter viva a forte comoção do eleitor brasileiro com a morte de Eduardo Campos.

Alguns analistas podem dizer que o nome de Marina se impõe porque antes da definição das candidaturas ela já despontava nas pesquisas com chances de ir para o segundo turno com Dilma Rousseff. Na ocasião, a ambientalista tinha 24% e hoje tem 21%, o que garante momentaneamente a segunda colocação. Mas não podemos esquecer que ela terá dificuldade para lidar com as divergências internas e principalmente para apresentar uma proposta alternativa capaz de convencer o eleitor de que se trata de uma candidatura que representa a mudança na política.

A reviravolta no cenário político atual a partir do episódio com Campos cria expectativas de mudança de governo, mas não se sustentará caso a maioria do eleitorado que são de classes consideradas menos favorecidas da sociedade não se sinta convencido que terá com Marina Silva um país com melhores condições de vida e com justiça social.

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