A PEDIDO DE UM LEITOR
Pobre o país cujos filósofos são Pondé e Olavo de Carvalho
Pobre o país cujos filósofos mais conhecidos são Pondé e Olavo de Carvalho. Não peço Sêneca, não peço Montaigne, não peço Zenão.
Mas Carvalho e Pondé?
Um leitor reclamou de Pondé, vi no Twitter da Folha esta manhã. Fui verificar. Ele se queixava de uma frase de Pondé que dizia o seguinte, mais ou menos: “Os Estados Unidos são a melhor democracia do mundo e ninguém vai para as ruas protestar.”
Não vou discutir a idolatria de Pondé pelos Estados Unidos. Mas, como estranhou o leitor, não existem protestos lá?
Como os negros conquistaram direitos? Sentados nos cantos nos quais eram discriminados? Como a sociedade exigiu o fim da Guerra do Vietnã: vendo televisão e comendo pipoca?
E agora: o que foi o movimento Ocupe Wall Street?
Fui ler o texto de Pondé. Se entendi bem, havia lá uma tese segundo a qual a Revolução Francesa foi um equívoco da história.
Bem, este é nosso filósofo. Danton, Robespierre simplesmente são ilusões de ótica. No mundo ideal, estaríamos sob o Luís 150 na França.
Não existe maior demonstração de conservadorismo do que repudiar protestos. São eles que movem o mundo e reequilibram situações de enorme disparidade e injustiça.
Nada, rigorosamente nada, cai no colo de quem está por baixo. Ou, já que falamos dos OWS, dos 99%. Nos Estados Unidos mesmo, os debates sobre a iniquidade só ganharam a agenda nacional depois do OWS. Obama se reelegeu, mesmo com a economia em pedaços, porque usou a questão da desigualdade contra Mitt Romney, seu adversário.
Romney foi flagrado dizendo a portas fechadas que não se importava com os “47%” mais pobres entre os americanos. A campanha de Obama martelou essa fala de Romney nos americanos.
Pondé acha que é “moderno” ao repetir lugares comuns do thatcherismo e do reaganismo, mas não existe nada mais obsoleto e mais fracassado historicamente do que a doutrina de Thatcher e de Reagan.
Pondé quer parecer Paulo Francis com isso. Mas tudo que ele consegue é ser um cruzamento bizarro de Olavo de Carvalho e Rodrigo Constantino.
Na Filosofia no Brasil temos grandes filósofos, eu conheci Olavo de Carvalho em 1991, participei de um debate com ele e fiz uma pergunta sobre a XI Tese a Feuerbach onde Marx considerava como um defeito ao materialismo anterior em relação ao objeto. Ele respondeu com elegância e simpatia, depois do debate conversamos muito e a Professora Dinarah Bebert de Castro, apresentou a ele, no final da conversa me convidou para participar do Congresso de Filosofia Brasileira em São Paulo. Eu era estudante.
Nunca comunguei da posição política que ele e muitos filósofos brasileiros e outros tantos adotam, mas aprendi a respeitar um pessoa que possui conhecimento, nós temos muitos pensadores que já foram julgados pelas suas opiniões ou posição. Mas não podemos negar a sua contribuição.
Não sou o dono da verdade, mas se alguém fala ou escreve um absurdo, o nosso papel é contestar e mostrar a verdade ideim= VER as idéias,Verdade, afirma Platão em República IV, eu não arriscaria meus poucos estudos de Filosofia numa simples eleição, ou momento de oscilação política. É um risco inútil, o nosso único legado e riqueza ainda é a reputação, e com princípios não negociamos.
Mas quando alguém insiste em aparecer mais do deve compra uma guerra. Se alguém quer paz então Sivis pace para Belum.