UMA REFLEXÃO SOBRE O PASSADO RECENTE

Por Gerson Gesteira Fonseca

Deixando o saudosismo de lado e fazendo uma reflexão sobre o passado recente da economia do Baixo Sul, de repente veio à tona que o Município de Valença despontou durante muito tempo como a 8ª economia da Bahia, em face da produção agrícola da época gerada pelo cravo da índia, piaçava, cacau, guaraná, borracha, dendê, etc.

É evidente que outras atividades tiveram importância para que o mesmo ostentasse tal posição no cenário baiano, e aqui registramos que a indústria artesanal naval repercutiu mundo afora em razão da perfeição das embarcações produzidas pelos nossos mestres e artesãos que sedimentaram conhecimentos para realizarem trabalhos que ficaram mundialmente conhecidos.

Outra atividade econômica que fazia girar capital em toda micro região era a criação e abate de gado. Embora Valença nunca tenha tido tradição em pecuária, era comum os agricultores locais criarem pequenos rebanhos como uma forma de poupança. Todavia, criar animais tornou-se sem sentido porque o abate legal do bovino passou a ser inviável, uma vez que o matadouro municipal foi abruptamente desativado e o mais próximo passou a ser em Santo Antonio de Jesus. Não houve democracia porque as ordens vieram de cima para baixo, sem dar nenhuma outra opção ou prazo para que o nosso matadouro fosse reformado e adaptado aos padrões de higiene exigidos. Pelo que parece, o desejo político de que todo a carne fornecida para a região saísse do frigorífico de Santo Antonio de Jesus imperou na decisão de acabar com o nosso.

É notório que não poderia o Matadouro Municipal de Valença continuar aberto nos mesmos moldes em que funcionava. Neste ponto, todos nós valencianos concordamos com o governo, mas fechar o estabelecimento, deixando milhares de pessoas sem exercer quaisquer atividades que gerassem recursos para o sustento das suas famílias e desmantelando uma das bases de sustentação da economia do nosso município, em proveito econômico de outra região, ou melhor, em função de certo grupo empresarial, devemos considerar como uma atitude insensata. E assim foi, o gado produzido nas pequenas propriedades rurais do município – poupança dos agricultores familiares – deixou de ser criado, porque dezenas de rezes que poderiam ser abatidas aqui mesmo na região não teriam condições de serem vendidas para o novo centro (Frigorífico de Santo Antonio de Jesus – FRIGOSAJ) com os mesmos preços praticados, porque oner aram os custos de produção com o frete, estabelecendo também altas taxas para o abate. Além disso, inúmeras pessoas que trabalhavam no transporte dos animais, abate do gado, tratamento e venda do couro, assim como das vísceras, mocotó, etc, também ficaram sem ter o que fazer da noite para o dia.

No ano passado, certo candidato ao cargo executivo municipal, divulgou através dos meios de comunicação que já havia verba federal destinada ao Município de Valença com a finalidade da construção de um frigorífico, e que a área estabelecida seria a localidade do Bonfim. Foi uma excelente notícia.

Como reconhecimento de um ato prejudicial praticado contra determinado seguimento da sociedade valenciana, resta-nos exigir que o Poder Público providencie a implantação de um moderno Matadouro em Valença, ou melhor, Frigorífico de Valença – FRIVALENÇA, para que se possa fazer justiça a milhares de pessoas do Baixo Sul e àqueles que foram desestimulados a ficarem em suas propriedades agrícolas, inchando as periferias das cidades, cada vez mais sem opções de trabalho LEGAL e perspectiva de uma vida digna para os seus familiares.