O SOM DO TRADIÇÃO
Wolf Moitinho
Recentemente, no dia 23 de março deste ano, tivemos mais apresentações musicais de bandas de forró no espaço o “Tradição”, se é que se pode titular assim. No “forró das Antigas” tocaram as bandas Matruz com Leite, Magníficos e Limão com Mel.
Foi mais uma noite de desassossego para milhares de moradores da adjacência, ou melhor, foi uma noite de transtornos para os moradores da Graça, Angra dos Reis, Loteamento Santa Rita, Urbis, Condomínio Mar Azul e até mesmo para o bairro do Tento – algumas pessoas demonstraram insatisfação ao comentarmos sobre o barulho.
Como sempre, o “festival” começou às 22:00 hs e foi encerrar às 4:00 horas da manhã com uma banda que propagava o som ainda mais alto que as duas primeiras. Mais uma vez os moradores das localidades da circunvizinhança não dormiram ou só foram dormir depois que findou o evento.
Como sempre, ficaram chateados milhares de indivíduos, dentre os quais idosos, crianças, doentes, trabalhadores cansados e em busca de um merecido descanso. Por outro lado, uns poucos ficaram felizes com os seus bolsos recheados. É tão verdadeira a afirmação que já está certo um novo evento no próximo dia 18: “Forró de Dôdô", assim mesmo, como no cartaz, com dois acentos.
Outrora a denúncia ao Ministério Público teve certa repercussão. O promotor Thiago Quadros nos enviou correspondência dando conhecimento que o órgão estaria abrindo “procedimento” para apurar os fatos.
Meses se passaram, ocorreram apresentações musicais dos mais diversos estilos e foram constantes as denúncias nos meios de comunicação da cidade, porém, não tivermos mais notícias sobre os tais “procedimentos”.
Mas um fato nos deixou intrigados. Em conversa com os proprietários da empresa promotora dos eventos a respeito do barulho, foi dito por um deles que o promotor afirmou não existir em lei impedimentos aos shows no Bar e Restaurante o Tradição e que os mesmos poderiam continuar promovendo os eventos normalmente.
Ficamos abismados com as informações prestadas pelo empresário quanto à declaração do promotor de justiça porque foi o próprio quem promoveu o compromisso entre uma igreja e os moradores da Rua Juvêncio de Rezende, através da assinatura do Termo de Ajuste de Conduta, no qual obrigou a igreja a colocar uma porta de vidro na entrada do seu templo, objetivando impedir que o som de duas pequenas caixas, bem menores que as potentes utilizadas nos eventos promovidos no Bar e Restaurante o “Tradição”, não incomodasse os vizinhos, além de afixar cópias do documento nos vidros da porta.
Mesmo considerando estranho o teor da declaração, estamos tranqüilos e logo visitaremos o Ministério Público, também aos órgãos responsáveis pela fiscalização dos estabelecimentos para tomar conhecimento sobre as reais condições apresentadas quanto à segurança dos freqüentadores; tomarmos ciência da expedição do alvará do corpo de bombeiros ou de quem for responsável, também do alvará de funcionamento expedido pela prefeitura, vistoria da vigilância sanitária, além de questionamentos à Secretaria Municipal do Meio Ambiente quanto à medição do volume do som. Medidas importantes tanto para os moradores, em relação ao direito do descanso, quanto aos freqüentadores que poderão ser vítimas de uma tragédia tal qual a ocorrida em Santa Maria – RS.
Cópias serão enviadas ao Ministério Público e aos demais órgãos citados.
Sou também totalmente contra o barulho das festas que incomoda milhares de pessoas.
Mas também me questiono a respeito da situação dos proprietários dos estabelecimentos que promovem estes eventos.
Vamos pensar um pouco. O correto seria esses clubes serem contruídos em locais distantes de moradia. E aí pergunto: A AABB e o Tradição por exemplo quando contruídos não estavam em locais distantes?
Daí a cidade foi crescendo, as pessoas construindo suas casas para morar perto desses locais e aí continua surgindo os problemas. Será que os proprietários desses estabelecimentos devem carregar na cabeça e mudar de lugar? Que solução chegar sem prejudicar também essas pessoas?
Em todas as cidades tem eventos, pq em Valença não pode? Uma vez na vida, se fosse todo final de semana…
É inegável a importância da manifestação de todas as pessoas porque assim teremos oportunidade para esclarecimentos. Da mesma forma, é relevante esclarecer que devemos nos manifestar sobre o tema quando acharmos que é oportuno, evidentemente, respeitando o ponto de vista de todos que comentarem o texto.
Por certo a instalação do antigo “Bostão”, assim era conhecido o espaço em meados da década de 80, serviu para as famílias fazerem as suas refeições nos domingos, feriados, em datas festivas, convir a encontros de casais, além das “peladas” de bola e de confraternização de empresas e órgãos públicos em datas especiais.
É bom frisar que naquele tempo o volume de som não atrapalhava os moradores da vizinhança e que as comemorações dificilmente passavam da meia-noite.
Devemos observar que ninguém é contra a permanência do estabelecimento no local e acreditamos que pode haver harmonia entre o espaço e os vizinhos, desde que se faça um anteparo que não permita o som ultrapassar o volume em decibéis permitidos.
Por outro lado devemos salientar que não é apenas uma festa aqui outra ali. Se não tivéssemos denunciado o desmando, por certo, continuaria havendo festas todos os finais de semana, como acontecia antes.
Quanto a Santo Antonio de Jesus podemos afirmar, categoricamente, que as festas particulares ocorrem distante da sede, geralmente em fazendas e sítios com certa estrutura.
Por fim devemos lembrar que somos regulados por leis que atribuem direitos e deveres. E sabemos que “os nossos direitos acabam quando começam os direitos dos outros”.
TÔ ACHANDO QUE WOLF QUER SER SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE.