VALENÇA também é minha, sim senhor!!

                 Do perfil de Michel Meireles no Facebookimage É a cidade onde nasci, cresci, vivi e ainda vivo. Cidade, para onde decidi retornar após uma jornada, para poder criar e educar meus filhos… Amo-a de paixão. Impossível identificá-la com simples palavras. É brutal, é madrinha, é mãe, é espantosa, é dinâmica, é estranha, é vibrante, é violenta, é improvisadora, é contraditória, é ousada. Todas estas e muitas mais a identificam.

Amo Valença pelos contrastes entre o belo e o feio, o bom e o ruim, o antigo e o moderno. De um lado, os antigos prédios, casarões e casas, figuram junto ao cenário de desenvolvimento comercial alavancado pelo consumismo desenfreado. Do outro, periferias se desenvolvendo como formigueiro, representando a luta pela sobrevivência de uma minoria excluída.

Amo seu visual caótico, com casas de todos os tipos, tamanhos e cores; o vermelho, verde e amarelo nas esquinas; sua feira-livre; as mil cores dos ambulantes e camelôs; suas fachadas sem reboco; suas “puxadas” regadas à cachaça e feijoada em dias de chuva; seus moto-taxistas e suas motos coloridas ziguezagueando por entre os carros, não deixando a cidade “parar”.

Amo a mistura de sons de Valença: buzinas, carros barulhentos, sirenes, vendedores de camarão e leite oferecendo sue produtos aos berros pelas ruas, seresteiros anônimos mandando suas interpretações e distribuindo alegria nas festas que dão vida à cidade.

Amo os cheiros de Valença: cheiros de combustível e da fumaça dos escapamentos, de comidas maravilhosas em cada canto, das moquecas perfumadas (de dar água na boca), de perfumes baratos (espanta…), desodorantes (para o “CC”), cheiro de gente; cheiro das frutas da feira-livre, misturando odores de cravo, pimenta-do-reino, cacau, maracujá, cupuaçu, jaca resultando um cheiro único e especial;

Amo as coisas estranhas da cidade. É a terra da Rua da Lama, a qual foi uma das primeiras a ser calçada. Tem Ruas e Bairros com nomes nada curiosos e sugestivos… Bate quente, Cú do Boi, Sirí-sem-molho, Beco do Barreiro, Jacaré, Jambeiro, Areal (de cima e de baixo), Mangue-sêco, Bolívia, Porto da Imbíra, Aguazinha (que só anda encharcada), Rua da Manilha (homenagem a rede de esgoto?), Quatro – esquinas, Lava-pés, Águas de Março, Tento, Taboca, Sete-Portas, Brasília, Rua do Leite, Tio Virgílio, Caminho do Meio, Tamarineiro e tantas mais que sugestivamente receberam nomes por episódios e contos da época.

E de seus moradores e figuras ilustres que fazem e fizeram a história na cidade, Bernarda, Úca, Dívo, Ruim de bola, Aladim(o mago dos cofres), Cata-pau, Zino, Torquato, João Lalau, Guarda Romano, Vereador-Deputado e vereador de uma única vez, Izamor, os “fuás” de boi de Zito e Luís Deiró…. e tantos outros que me faltam a memória nesse momento…
Amo a Valença multicultural e multirracial e sua aceitação, incondicional e sem preconceito, dos que chegam a ela.

Enfim, amo tudo de Valença. E por amor aceito suas qualidades e seus defeitos, suas vantagens e desvantagens. Quero falar sobre ela, passar minhas emoções, compartilhar com outros que lhe dedique idêntico amor.

Mas, falar ou escrever sobre Valença é complexo… é uma temeridade. É um teste de múltiplas escolhas. Do que escrever? Escrever sobre a Valença dos nossos sonhos? Sobre a cidade surpresa? Sobre a saudade de uma Valença de dantes?

Para quem escrever? Para aqueles que também amam Valença… Ainda existem ??

Não sei. Vou deixar, não às cores da caneta, do século XIX, mas ao som das teclas, neste século XXI. Vamos ver o que acontece.

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