Guaibim, terra de ninguém!

Por Daruanda

Não vou falar dos montes de lixo que se espalham por toda a extensão da orla marítima, em frente às barracas comerciais, exalando mau cheiro e pondo em perigo a saúde de quantos por ali passam.
Também não vou falar da bagunça que se instala em plena praia, onde indivíduos mal educados praticam todo tipo de esporte, inclusive futebol, nos locais que deveriam ser exclusivos dos banhistas.
De igual modo, não quero me referir àqueles que, achando que se encontram em uma terra sem lei, satisfazem as suas necessidades fisiológicas em torno dos já referidos estabelecimentos comerciais, sem dar a mínima para os passantes.
Menores dirigindo veículos automotores, inclusive alguns tão pequenos que se posicionam no colo dos supostos pais, também não serão objeto de comentário.
O desrespeito flagrante aos sinais de trânsito, mormente na via que dá acesso à praça principal, onde existe uma placa proibindo seguir em frente, chega a ser uma coisa banal. Portanto, pra que comentar?
O objeto deste indignado manifesto é trazer à baila o comportamento criminoso de alguns indivíduos que, acreditando-se acima da lei, resolvem impingir aos pacatos moradores do Guaibim e aos veranistas que buscam ali a tranqüilidade de um local que deveria ser aprazível, a tortura de ouvir o barulho estridente dos carros que circulam pelas ruas do povoado, estacionam em frente às barracas comerciais, com os porta-malas abertos e os aparelhos com enormes caixas de som em alto volume.
Os locais escolhidos pelos infratores para usar o som dos veículos num volume incompatível, geralmente são as imediações e vias de acesso à praia. Acontece que veranear não significa perder noites de sono ou ouvir músicas “da moda”. Quem quer descanso e quietude nessa época do ano está sujeito a ter que chamar a polícia quando um carro com som alto pára em frente à sua porta.
De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, é crime causar poluição sonora de qualquer natureza de forma a resultar danos à saúde humana. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conema) estabelece os níveis de propagação sonora permitidos.
Se estivéssemos num país sério, quando flagrado cometendo este delito, o infrator teria o carro apreendido e seria encaminhado à Delegacia de Polícia ou mesmo ao Posto Policial do Distrito, onde seria lavrado um Termo Circunstanciado. Em seguida, seria marcada a audiência no Juizado Especial, quando o Juiz determinaria a pena a ser cumprida, consistindo em uma multa ou penas alternativas como a prestação de serviços à comunidade.
A perturbação do sossego público tem sido uma das ocorrências mais comuns nos últimos anos no distrito do Guaibim. São inúmeras as reclamações de moradores e veranistas contra o barulho promovido pelas caixas de som instaladas nos veículos, que impedem as pessoas até mesmo de dormir durante a noite.
A poluição sonora causada pelos proprietários de carros que possuem esses sons pesados pode causar distúrbios do sono, estresse, perda da capacidade auditiva, surdez, dores de cabeça, alergias, distúrbios digestivos, falta de concentração, aumento do batimento cardíaco etc.
Uma cena cada dia mais comum aborrece e irrita centenas de moradores e veranistas do Guaibim: a competição entre motoristas boçais, para saber quem tem o aparelho de som mais potente. Na disputa, a qualidade do equipamento é o que menos importa, o único fator em jogo é o volume. Quanto mais ensurdecedor for o som, a ponto de conseguir abafar o do concorrente, melhor. Na prática a guerra de egos vira uma zoeira total e fica impossível sequer identificar as músicas que tocam.
Esses indivíduos, logicamente, não possuem o senso do ridículo, invadem o espaço alheio e ficam tranqüilos, pois sabem que nada lhes irá acontecer. Afinal, muitos deles, vindos de outras localidades, consideram o Guaibim uma roça, onde tudo pode e ninguém tem coragem de adotar uma providência legal contra tais comportamentos.
Geralmente, os motoristas desses carros são indivíduos arrogantes, portadores de algum complexo de inferioridade, que tentam superar exibindo os seus potentes aparelhos de som e atazanando a vida dos cidadãos de bem.
Espera-se que algo seja feito para acabar com o martírio dos moradores e veranistas do Guaibim, especialmente nos fins de semana.
Guaibim, Valença, Bahia, 24 de janeiro de 2012.

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *