DESCASO BAIANO

Por Jorge Amorim*

Indo de Valença para Nazaré, mais ou menos a extensão de 42 quilômetros, atravessamos bonitos trechos. A partir do quilometro dezoito, já no município de Jaguaripe, a BA-001 vai expondo feridas alfálticas abertas e deixadas pela incompetência da gestão do atual governador da Bahia Jacques Wagner, através do Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia, DERBA, autarquia ligada à secretaria estadual de Infraestrutura. Devemos salientar que é responsabilidade direta da 6ª residência de manutenção, hoje sob o comando do engenheiro  Ricarte Pinheiro – “naturalmente” em Santo Antonio de Jesus, onde existem políticos voltados para os interesses locais.

A pressa em tentar chegar ao destino deixa qualquer passageiro com nervos à flor da pele quando a velocidade do veículo diminui dos 80 quilômetros por hora para 30, 20, 10 km/h em um piscar de olhos.

Resta-nos aprumar dentro do carro que balança de um lado para o outro e que nos deixa parecendo “palhaços com as suas mobilidades características”, ao atravessarmos trechos onde antes havia asfalto.

A indignação maior é causada ao vermos que aquela parte desasfaltada está assim há meses e não parece que haverá melhorias imediatas, ainda que notemos a presença dos homens do DERBA vestidos com os seus macacões na cor de abóbora.

A presença desses homens nos dá a sensação inicial que estão começando as ações para efetivamente recuperarem a rodovia. Talvez o intuito dos gestores seja diminuir a raiva natural e passageira dos transeuntes com a colocação de uma pequena porção de cascalho, nivelando a pista que outrora havia crateras maiores que as da lua, ou, até mesmo, uma “borra” de betume com um pouco de areia.

Pobres políticos da Região do Baixo Sul! Pobres empresários da Região do Baixo Sul! Com uma gota de mel o governador consegue lambuzar toda a população ao atenuar o sofrimento dos necessitados com uma ação ridícula. É preciso pensar grande! É necessário que o povo exija dos gestores a responsabilidade concernente. Remendar a BA 001 não é a solução. Se quiserem melhorar a situação da população da Região do Baixo Sul é preciso programar uma nova estrada com a mesma qualidade da rodovia que liga Santo Antonio de Jesus, Nazaré a Ilha de Itaparica.

É preciso que se diga ao governador que é dele a responsabilidade pelos veículos danificados em razão da péssima qualidade de BA-001; assim como a culpa pelos assaltos já existentes; bem como quaisquer ocorrências com vítimas fatais, visto que há negligência com a manutenção da rodovia.

É preciso também revelar que a “tragédia” anunciada da dita rodovia, trajeto Valença-Nazaré ou vice-versa, está causando prejuízos para os empresários que a utilizam para transportar os seus produtos. Aliás, devemos registrar que a rodovia BA 542 (liga Valença à BR 101) pavimentada pelo governador Roberto Santos e que nunca foi remendada, começa a perder a qualidade asfáltica em razão do aumento significativo de veículos de passeio e caminhões pesados, cujos proprietários mudaram as rotas. Nota-se, ao trafegar pela estrada, o barulho das ranhuras em contato com os pneus.

Finalmente o ano de 2014 chegou, anunciando que será o ano da Copa do Mundo no Brasil, mas, igualmente, o ano das eleições, dentre as quais no âmbito estadual para deputados, senador e governador.

As propagandas veiculadas pela mídia  que passam a imagem de uma “Bahia idealizada” não se aproximam de uma “Bahia real”. Aliás, um eixo da propaganda do candidato Rui Costa, apresentado pelo governo, é justamente a “mobilidade baiana”. Talvez na Capital exista uma pequena melhora com alguns equipamentos, porém no interior a mobilidade se dá com os trancos, corpos de um lado para o outro, ao atravessar as grandes extensões esburacadas em rodovias. Sim, senhores! Estamos falando da “mobilidade de palhaços”.

Portanto, pedimos a vocês, lendo agora estas linhas, que contribuam com o nosso texto fazendo comentários, externando suas opiniões valiosas, quanto ao que foi dito. Denunciar o descaso da BA-001 para valencianos, baianos e leitores de outros países é tarefa de quem é cidadão e eleitor brasileiro.

*Professor da Faculdade de Ciências Educacionais (FACE, Valença) e da Faculdade Eugênio Gomes (FAEG, Ipirá). É mestre em História Contemporânea pela Universidade de Lisboa, Portugal.