ELEIÇÕES PARA REITOR DA UNEB: PROF. MÁRCIO RONALDO RODRIGUES VIEIRA

“Viver de noite me Senhor do fogo, com vocês eu deixo o sono, os sonhos não, estes eu mesmo carrego”     Paulo Leminski

Antes de tomar uma decisão, eu tive que pensar muito, liguei para amigos, dialoguei com alunos, e por fim falei com um expressivo grupo de professores que acompanho e me acompanha a mais de 20 anos de UNEB.  Participei de uma reunião com o amigo Prof. Paulo candidato a Vice-Reitor na chapa de Dr José Claudio Rocha, recebi um telefonema do Prof. José Bites no qual confirmei meu apoio a ele, e por fim após ouvir colegas, os debates e ler as propostas,  faço esta reflexão breve onde decido mudar meu voto.

A UNEB que não mudamos em 30 anos, não será em um mandato que vamos mudar, é uma promessa difícil de ser cumprida, representa um discurso de empolgação eleitoral, um marketing eleitoral, para mudar uma Instituição tão centenária com seus vícios ocidentais arraigados, que é a Universidade, é preciso está dentro desta estrutura, e mudá-la por dentro, com a participação de todos que a constitui. Neste sentido, todos os três candidatos fizeram parte desta mesma gestão, e apresentam uma fala gasta,  um pouco tarde esta decisão de “transformar” a UNEB.

As candidaturas postas foram construídas de diversas formas, atendendo interesses de grupos e pessoas que não representam o conjunto da maioria da Universidade, cada segmento desta IES, pelas diversas razões que os movem apóia pessoas contra pessoas e não um projeto alternativo, de Universidade, são discursos inflamados, poéticos, despolitizados, carregado de oportunismo, e com uma forte dose de traição, do poder pelo poder. Isto não é alternância de poder,  sim uma continuidade.

Os debates realizados até o momento, não conseguem atingir a essência da verdadeira transformação que a UNEB precisa fazer com urgência, para continuar respirando sem “aparelhos “ e sem ser “aparelho” de nenhum grupo ou casta.

Vejo nas ações deliberadas de alguns poucos “magoados”, uma tentativa desonesta e ante-ética de desconstruir a pessoa do Reitor Prof.  Lourisvaldo Valentim da Silva, como uma covarde atitude, se o Reitor falhou na sua ação de gestor, tinha que ser responsabilizado publicamente nos foros de diálogo da UNEB, e isto ninguém fez publicamente, mas faz nos bastidores.  É preciso que todos saibam que  muitos  que passaram estes últimos 20 anos de poder e sendo beneficiado do poder está fingindo que agora almeja o “novo”.  Nunca é tarde para se redimir.

Esta composição dos Conselhos Departamentais, CONSU e CONSEPE da UNEB não me representam, está viciado, precisa de alternância de poder, é uma composição de 70% de biônicos,  onde só uma Estatuinte  nova poderia recompor, o que ninguém nunca propôs mudar, e este discurso só aparece nas eleições.

Os diretores dos departamentos, que pensam serem ungidos e  “empoderados” , são responsáveis por esta crise em que vive a UNEB, pela ganância, tem agido de forma cada vez mais autoritários, burocratas, e nunca ouvem seus pares, participam de Conselhos com pautas infinitas, e votam como frangos em granja repetindo os mesmos gestos.  Só uma nova Estatuinte, poderia formular uma nova composição dos Conselhos, e o fim da famigerada falta de autonomia que as Universidades Estaduais ainda  não alcançaram,  poderia ser desenhada. Pois enquanto a UNEB for um apêndice da Secretaria de Educação do Estado da Bahia uma estrutura feudal, anacrônica nada mudará.

È triste votarmos tão empolgados  em um Reitor, que após eleito por uma “CONSULTA”,  ainda será ACEITO ou NÃO ACEITO, pelo Governador do Estado que tem poder discricionário e divino sobre a “Alma Mater” , a Universidade,  onde violando sua autonomia,  NOMEIA numa lista tríplice quem será o “escolhido”, esvaziando toda democracia do processo.

Preocupa-me neste momento,  pensar que votando vou acabar com tudo isto e criar uma nova estrutura,  hoje temos opções de escolha de três candidatos, preciso me redimir com honestidade e ser sincero e ético com alguns, e afirmar que livremente decidir não votar  em alguns colegas para preservar o que ainda resta de bom nesta UNEB, a eleição vai passar mas nossa vida continua sem ressentimentos, vou  votar na Professora Adriana Marmori, depois de avaliarmos todo um percurso histórico que sofremos no passado, onde procurei esquecer, e esperar pela justiça, que aos poucos foi surgindo, seja pelos gestos do povo, ou por força da lei, ela aconteceu, independente da vontade de um CONSU que entre tantos passos errados, conseguiu cometer mas esse desmando que a história corrigiu.

Após escutar os colegas, fiquei impressionado com suas revelações, fiquei muito estarrecido, em saber que os diversos apoios recebidos junto a algumas candidaturas representam para mim um tempo de terror, perseguição, ameaças veladas onde eu e minha família sofremos muito, e hoje vejo estes colegas de mãos dadas com meus algozes, isto eu não posso retroceder na minha vida. Ficou para mim marcado pela conivência, cumplicidade e leniência que permitiu a UNEB possuir um capitulo triste da sua história, e demonstrou a ausência de coragem de agir e ser imparcial diante dos fatos, mas muitos se calaram e enviaram os companheiros ao sacrifico e isto inclui a omissão geral inclusive do nosso sindicato aparelhado. Mas o tempo foi justo, a comunidade fez justiça, olhos se abriram e portas fecharam. “E tudo foi consumado”. Pois o tempo é impiedoso com a mentira.

Não nego que estes meus colegas candidatos são sérios, e bons profissionais, mas discordo da forma como alguns conduziram suas alianças, são comprometedoras, nefastas, que na política,  comporão os futuros reitorados, os mesmos diretores que traíram o atual reitor, trairá o futuro reitor, é uma sina de poder e estão contaminados. Não esperamos grandes mudanças com a Professora Adriana Marmori, esperamos uma gestão comprometida com formação dos professores da UNEB, valorização dos funcionários e técnicos e ampliação das políticas de acesso e permanência de nosso estudante oriundo da classe obrera  e do campesinato, ela sendo honesta e conduzindo a UNEB de forma  responsável já é suficiente para mim, as mudanças alcançaremos com trabalho,  e se ela não cumprir com suas promessas, nós elegeremos outra gestão, isto é democracia, mesmo não sendo no sentido pleno, se o eleito for um dos três respeitaremos. Esta é uma consulta eleitoral de uma universidade e não uma eleição viciada da politicagem habitual.

Faço uma crítica velada ao último ato do CONSU, aprovando 11 novos cursos, onde o nosso orçamento que está contingenciado pelo Governo do Estado da Bahia, não contempla um centavo para programar estes cursos, enquanto isto os Departamentos do Interior nem professores tem para lecionar nos cursos atuais, quanto mais nos novos, não tenho dúvida foi um ato irresponsável.

Desejo sorte a todos no pleito e espero que seja entendida minha posição, quanto as questões ideológicas, faço uma revelação não cabe neste pleito, não adianta apelar para este discurso, devemos pensar numa conjuntura maior que nos ameaça enquanto existência e permanência da UNEB no Estado da Bahia, ao visualizarmos a composição do Governo Wagner, podemos afirmar é um governo da UFBA, e agora quer lançar o reitor da UFRB, para o parlamento demonstrando todo o descaso e a dês-importância de nossas Universidades Estaduais para o Governo do Estado da Bahia.

Continuo e marcho acreditando na UNEB, e desejando novas conquistas para a nossa universidade, vibrando com o sucesso de nossos alunos e docentes, lamentando as condições precárias de nossos servidores estaduais, preocupado com o futuro e representação de nossos novos gestores.

Para os candidatos deixo uma fala de Shakespeare: “Sê antes de tudo verídico para contigo mesmo, pois antes que decorre do dia para noite, não poderás ser falso como ninguém”.

Prof. Márcio Ronaldo Rodrigues Vieira – Valença,BA