ENFIM, O DEPOIMENTO DE UM ESPECIALISTA NO ASSUNTO DA CASTANHEIRA PARA OS PSEUDO AMBIENTALISTAS QUE PROTESTAM EM VÃO

Por Carlos Eduardo Passos

CANTANHEIRATanto na mídia como nas redes sociais o iminente corte da castanheira-do-Pará, localizada no Amparo, virou motivo de manifestações diversas. Em sua grande maioria as pessoas exprimem opiniões desfavoráveis, e é bastante compreensível que isso ocorra, por desconhecerem as razões para tal ato contra um árvore tão bela e rara.

Curioso é que a grande maioria dos que se manifestam contrários ao corte nunca visitaram a castanheira, nunca se interessaram em conhecê-la de perto, abraçá-la. Não viram in loco o seu estado atual, ocasionado pela falta de cuidado e desprezo, expressões típicas de uma sociedade que, contumazmente assim, trata o seu patrimônio ambiental e cultural. É só observar alguns exemplos: a lenta agonia do Rio Una, o abandonado Teatro Municipal, a destruição dos manguezais, o lixão no Orobó, etc…

Nas linhas baixo algumas considerações, para melhor compreender sobre a decisão de cortar a única castanheira localizada em área urbana entre os 5.570 municípios existentes no Brasil

As castanheiras-do-Pará (Bertholletia excelsa Bonpl.) são árvores de grande porte, chegando até 50 m de altura, podendo ter uma considerável longevidade. Sabe-se que elas levam mais de 100 anos para atingir o pleno período reprodutivo e que indivíduos adultos chegam a 350 anos. Já foram registrados indivíduos com idade máxima estimada de 440 anos e um diâmetro à altura do peito (DAP) de 220 cm.

Com base numa estimativa de incremento anual do DAP de 0,6 cm, considerando que a nossa castanheira possui 210 cm de diâmetro e 50 m de altura e considerando ainda uma margem de erro de 60 anos para mais ou para menos, conforme proposto por estudiosos, ela deve possuir idade entre 290 a 410 anos. Uma vez que existe a grande incerteza relacionada à estimativa de idade de árvores é possível inferir que a castanheira localizada no Amparo é um exemplar adulto, podendo ser ainda considerado um adulto velho. 

No ano passado o CODEMA, diante dos rumores que a árvore estava cada vez mais se inclinando, resolveu contratar uma empresa especializada, a Bioconsultoria Ambiental Ltda., para confirmar ou não, através de uma avaliação técnica a existência de risco de queda. 

Fizeram parte da equipe técnica envolvida na referida avaliação: Lander Alves – Biólogo, Msc. Ecologia e Biomonitoramento; Fernando Batista Silva Neto – Engenheiro Agrônomo; Luiz Octavio Lima Pedreira – Engenheiro Florestal; e, Carlos Ernesto – Biólogo. Na coordenação geral dos trabalhos, o profissional responsável foi o biólogo Alex Ramos Pereira, Diretor Geral da empresa.

Havia uma imensa expectativa que ao final dos estudos a equipe técnica da empresa concluísse pela não existência do risco, porém não foi o que aconteceu. De acordo com a avaliação feita em campo e análises técnicas com base nas informações levantadas, a classificação geral de risco de queda da castanheira foi considerado ALTO, com consequências severas.

“A árvore em questão apresenta grande rachadura com cerne apodrecido na base do tronco, resultando em grande cavidade, que se estende até pelo menos 10 (dez) metros de altura no tronco, comprometendo cerca de 75% do diâmetro do mesmo. Foi possível constatar a presença de fungos decompositores nos tecidos mortos no interior da cavidade do tronco. Além disso, verifica-se junto a toda estrutura da árvore, grande quantidade de cipós, lianas, e uma variedade de epífitas como bromélias, gravatás e cactáceas. Estas epífitas e trepadeiras, do modo em que se apresentam junto à árvore avaliada, podem criar condições de maior acúmulo de umidade, favorecendo a ação de organismos biodegradadores. Sabe-se que injúrias causadas nos tecidos das plantas e acúmulo de umidade favorecem a instalação de organismos degradadores da madeira, como fungos, insetos e bactérias, e sua ocorrência nas árvores pode alterar a estrutura anatômica e, consequentemente, a resistência da planta, deixando-a mais propensa a quedas”.

Apesar da empresa, que realizou o laudo técnico, recomendar para um melhor conhecimento da extensão da lesão verificada e maior clareza sobre a gravidade da mesma, sugerir a vistoria na parte superior da árvore por arborista treinado em escaladas, e a avaliação da lesão por tomógrafo sônico e tomógrafo de resistência elétrica, ela afirma que “tal avaliação complementar não invalida as considerações levantadas no laudo, sobretudo no que se refere às condições de sanidade do colo e base do caule, estruturas sujeitas à grande esforço mecânico, que se apresentam notadamente danificadas e apontam para uma queda provável da árvore”.

Mesmo que o laudo apresentado pela empresa Bioconsultoria não seja suficiente, e que novos estudos sejam realizados por outras empresas, temos que considerar que “castanheiras adultas e de grande porte são mais propensos a quedas por ação de intempéries como vendavais, chuvas fortes e raios, sendo estes os principais motivos de quedas dessa espécie apontados pelas referências bibliográficas”.

“A queda da castanheira na direção para qual ela está inclinada, causaria danos às residências e seus moradores, aos pedestres e veículos que transitam pela Rua Veteranos da Independência e a rede de distribuição de energia elétrica, existente no trecho, que sofreriam impactos significativos. As consequências da queda da árvore seriam GRAVES, com a POSSÍVEL PERDA DE VIDAS HUMANAS”.

Não podemos ser irresponsáveis em relação aos fatos que se apresentam. Para manter a castanheira viva e esperar que naturalmente ela encerre seu ciclo de vida, seriam necessário: retirar todas as pessoas de suas residências, em um raio de 75 metros, e indenizá-las; fechar a Rua Veteranos da Independência; tirar toda a fiação elétrica; e, isolar a área. Essas medidas de segurança, absolutamente necessárias, tornam-se impossíveis de serem concretizadas.

Bastante consternado verifico que não existe outra possibilidade, sem se perpetrar as medidas expostas, de manter a castanheira no seu habitat secular. Infelizmente! (Da Fanpage de Carlos Eduardo Passos).

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1 Resultado

  1. Leitor disse:

    São os idiotas de plantão, Valença tá cheia desse povo. Querem um beliscãozinho de protetor da natureza pra se aparecer no facebook pra se aparecer politicamente. Esses idiotas não moram embaixo da castanheira, não correm risco de terem um tronco como aquele caindo sobre suas casas, então pagam de bonzinhos da história. Mas se a árvore cair vão continuar cuidando o poder público, como se o mesmo tivesse o poder divino de rejuvenesce-la. Devem ser adorardores de Bejamin Button.Ridiculos. Perguntem aos moradores das redondezas da castanheira se algum deles querem a sua permanência lá. Todos estão aflitos com o perigo iminente da sua queda, que causaria enorme prejuízo, inclusive risco de morte. Aos ambientalistas de celular e computador, desafio postar em sua rede social uma foto de algum período da sua vida fazendo algo pela árvore.

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