A FORÇA DA IMAGEM DO PT

Marcos Coimbra

Ao contrário do que se costuma pensar, o sistema partidário brasileiro tem um enraizamento social expressivo. Ao considerar nossas instituições políticas, pode-se até dizer que ele é muito significativo.

Em um país com democracia intermitente, baixo acesso à educação e onde a participação eleitoral é obrigatória, a proporção de cidadãos que se identificam com algum partido chega a ser surpreendente.

Se há, portanto, uma coisa que chama a atenção no Brasil não é a ausência, mas a presença de vínculos partidários no eleitorado. Conforme mostram as pesquisas, metade dos eleitores tem algum vínculo.

Seria possível imaginar que essa taxa é consequência de termos um amplo e variado multipartidarismo, com 29 legendas registradas. Com um cardápio tão vasto, qualquer um poderia encontrar ao menos um partido com o qual concordar. Mas não é o que acontece. Pois, se o sistema partidário é disperso, as identificações são concentradas. Na verdade, fortemente concentradas.

O Vox Populi fez recentemente uma pesquisa de âmbito nacional sobre o tema. Deu o esperado: 48% dos entrevistados disseram simpatizar com algum partido. Mas 80% desses se restringiram a apenas três: PT (com 28% das respostas), PMDB (com 6%) e PSDB (com 5%). Olhado desse modo, o sistema é, portanto, bem menos heterogêneo, pois os restantes 26 partidos dividem os 20% que sobram. Temos a rigor apenas três partidos de expressão.

Entre os três, um padrão semelhante. Sozinho, o PT representa quase 60% das identidades partidárias, o que faz que todos os demais, incluindo os grandes, se apequenem perante ele. Em resumo, 50% dos eleitores brasileiros não têm partido, 30% são petistas e 20% simpatizam com algum outro – e a metade desses é peemedebista ou tucana. Do primeiro para o segundo, a relação é de quase cinco vezes.

A proeminência do PT é ainda mais acentuada quando se pede ao entrevistado que diga se “simpatiza”, “antipatiza” ou se não tem um ou outro sentimento em relação ao partido. Entre “muita” e “alguma simpatia”, temos 51%. Outros 37% se dizem indiferentes. Ficam 11%, que antipatizam “alguma” coisa ou “muito” com ele.

Essa simpatia está presente mesmo entre os que se identificam com os demais partidos. É simpática ao PT a metade dos que se sentem próximos do PMDB, um terço dos que gostam do PSDB e metade dos que simpatizam com os outros.

Se o partido é visto com bons olhos por proporções tão amplas, não espanta que seja avaliado positivamente pela maioria em diversos quesitos: 74% do total de entrevistados o consideram um partido “moderno” (ante 14% que o acham “ultrapassado”); 70% entendem que “tem compromisso com os pobres” (ante 14% que dizem que não); 66% afirmam que “busca atender ao interesse da maioria da população” (ante 15% que não acreditam nisso).

Até em uma dimensão particularmente complicada seu desempenho é positivo: 56% dos entrevistados acham que “cumpre o que promete” (enquanto 23% dizem que não). Níveis de confiança como esses não são comuns em nosso sistema político.

Ao comparar os resultados dessa pesquisa com outras, percebe-se que a imagem do PT apresenta uma leve tendência de melhora nos últimos anos. No mínimo, de estabilidade. Entre 2008 e 2012, por exemplo, a proporção dos que dizem que o partido tem atuação “positiva na política brasileira” foi de 57% a 66%.

A avaliação de sua contribuição para o crescimento do País também se mantém elevada: em 2008, 63% dos entrevistados estavam de acordo com a frase “O PT ajuda o Brasil a crescer”, proporção que foi a 72% neste ano.

O sucesso de Lula e o bom começo de Dilma Rousseff são uma parte importante da explicação para esses números. Mas não seria correto interpretá-los como fruto exclusivo da atuação de ambos.

Nas suas três décadas de existência, o PT desenvolveu algo que inexistia em nossa cultura política e se diferenciou dos demais partidos da atualidade: formou laços sólidos com uma ampla parcela do eleitorado. O petismo tornou-se um fenômeno de massa.

Há, é certo, quem não goste dele – os 11% que antipatizam, entre os quais os 5% que desgostam muito. Mas não mudam o quadro.

Ao se considerar tudo que aconteceu ao partido e ao se levar em conta o tratamento sistematicamente negativo que recebe da chamada “grande imprensa” – demonstrado em pesquisas acadêmicas realizadas por instituições respeitadas – é um saldo muito bom.

É com essa imagem e a forte aprovação de suas principais lideranças que o PT se prepara para enfrentar os difíceis dias em que o coro da indústria de comunicação usará o julgamento do mensalão para desgastá-lo.

Conseguirá? (Carta Capital)

Você pode gostar...

14 Resultados

  1. Ricardo Hage disse:

    Excelente texto. Parabéns a Carta Capital e ao Blog de Pelegrini.

    Forte abraço,

    R Hage

  2. Alonso disse:

    Não existem partidos idôneos. Existem pessoas idôneas.
    No seu PT também tem mau caráter, ladrão e corrupto.
    Só pra te lembrar, tá bom?

  3. Hélio disse:

    É POR ISSO QUE TANTOS TEM MEDO DO PT – PORQUE É O PARTIDO MAIS QUERIDO DO BRASIL E O POVÃO ADORA.

  4. petista alegre disse:

    MARCELO BORGES NÃO TEM MAIS AUTORIDADE COMO PRESIDENTE DO PT – OS PARTIDOS DA BASE ALIADA DEVEM DESCONSIDERAR O QUE ELE DIZ, UMA VEZ QUE A EXECUTIVA ESTADUAL JÁ ASSUMIU OS TRABALHOS POR AQUI E CONDUZIRÁ O PARTIDO PARA HOMOLOGAR AS CANDIDATURAS E AS COLIGAÇÕES PARA AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS.

    VEJA PUBLICAÇÃO DE HOJE NO SITE DO PT
    Resolução da Executiva Estadual do dia 29/05/2012

    RESOLUÇÃO

    A Executiva Estadual reunida neste dia 29 de maio de 2012 por unanimidade resolve:

    Valença

    Designar o secretario Geral Osmar Galdino para conversar com o presidente Municipal Marcelo Borges acerca do processo eleitoral. O PT decidiu construir sua candidatura articulada com a base aliada do governo estadual e nenhum dirigente municipal pode boicotar esta decisão, conversa deverá ser realizada até o dia 06 de junho.

    SALVADOR, 29 DE Maio de 2012

    JONAS PAULO DE OLIVEIRA NERES
    Presidente PT/BA

    OSMAR GALDINO DA SILVA JÚNIOR
    Séc.geral PT/BA

  5. estudante disse:

    Realmente os professores adoram o pt

  6. Marcelo disse:

    Rapaz o que é isso menos de 10 minutos Ricardo teve mais de 50 votos passando Ramiro, isso é algum esquema ?

  7. Airon Hora disse:

    Sim, e eu quero ver os 50% do pré-sal e 10% do PIB investidos na educação, a valorização da educação e dos profissionais que fazem parte dela.
    Também queria ver investimento na saúde e segurança pública, ao inves de investir bilhões em campos de futebol.
    A política do PT ‘pão e circo’ é lider de corrupção.

  8. Tiago Assis disse:

    Carta Capital: o DIário Oficial do PT! Contra as “pesquisas” a realidade: greve da polícia, greve dos professores, mensalão, Acusação de Gilmar Mendes a LULA, escâdalos de Ministros no governo DILMA, inexecuação das obras do PAC e suprefaturamento…

  9. Leitor Vigilante disse:

    A Carta Capital e extremamente suspeita, para dar alguma credibilidade ao PT.

  10. Predro Bô disse:

    Tiago Assis você falando tanto em greve tá querendo lembrar dA GREVE QUE O BRASIL PASSOU COM os 8 anos de PSDB no governo? Lembra: Dolar a R$4,00, desemprego em niveis aproximados de 15%, reserva de só U$30 Bi, tomando emprestimos ao FMI todo mes, A Privataria Tucana?

    Perguntar não ofende.

    Predro Bô

  11. Lúcio Cardoso disse:

    Ontem, o poderoso chefão deixou de lado temporariamente o papel de chantagista de ministros do STF para quebrar também algumas leis eleitoriais, que proíbem campanha política antes do prazo.

    Fazendo comício para o competente Hadad do Enem, no programa de TV expoente da discussão política e filosófica no Brasil, Show do Ratinho, Lula fez a alegria dos “companheiros” que nao vêem a hora de tomar de assalto também a cidade de São Paulo.

    O apedeuta é polivalente!

    E é também inimputável.

    Viva o rei petralha!

    Interessante notar o silencio a respeito de seu amigo Gilmar Mendes.

    Dilmão enquadrou o patrão, mandou o falastrão calar a boca, por enquanto obteve êxito.

  12. Amigo disse:

    Esse Pedro Bô se acha muito inteligente…
    Mas o governo do PT não é maravilhas não… Aposto com qualquer um que o PT nunca iria saber controlar a inflação no Brasil.

    A política monetária do Governo do PSDB foi tão ruim assim? Porque até hoje o PT adota a mesma política?

    Perguntar não ofende.

  13. Tiago Assis disse:

    Diretas Já, COnstituição de 1988, Plano Real, Lei de Responsabilidade Fiscal, Privatizações que modernizaram o país (exemplo datelefonia e internet)… O PT votou contra todos eles, e, todos esses projetos se firmaram no país e propiciou desenvolvimento. Se o PSDB foi tãi ruim, porque o PT não revogou as leis?

    Perguntar não ofende…

  14. Predro Bô disse:

    Tiago Assis Privatizações que… Não. Privataria criminosa. Diretas Já é resultado da vontade do Povo, o PSDB nem existia…
    A Telefonia hoje no Brasil é mais cara do planeta. Sabe por quê? Porque o PSDB com A Privataria Tucana tirou do Povo brasileiro, investindo para ser entregue ao “sr… dandã FHC”, sendo gasto no ano anterior as privatarias 87 Bilhões de Reais para depois serem “vendidas” por 85 Bilhoes…

    A prova dos 9 de tudo isso acima: 3 eleições vitoriosas seguidas do PT de Lula, Dilma da Militância e dos partidos aliados (PMDB, PSB, PDT, PP, PC do B, etc).

    Perguntar não ofende.

    Predro Bô

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *