*Por Maurício Sena
Na sabatina do Senado, o novo presidente Interino do Banco Central foi bem claro quanto ao cumprimento da meta de inflação para 2016 fixada em 4,5%. Nessa mesma oportunidade endossou o discurso do Ministro Interino da Fazenda Henrique Meirelles que tem como tarefa a busca do maior superávit possível para poder honrar o pagamento dos juros a serviço da dívida pública. As metas de inflação e superávit primário junto à menor interferência do governo na flutuação cambial formam o famigerado tripé macro econômico que persegue o País desde os tempos de FHC. Livramo-nos do FMI, mas não da sua cartilha neoliberal e ortodoxa. Ilan Goldfajn, que é sócio do Itaú, deixou bem claro a quem ele presta serviço.
A necessidade do Brasil voltar a crescer com a retomada do investimento privado é discurso quase que unanime. Tornar o ambiente econômico mais atrativo acreditando apenas na retórica do equilíbrio das contas do governo com corte de gastos é pura ficção. Além da realidade internacional que impacta diretamente na redução das receitas, a classe empresarial só vai retomar o investimento na atividade produtiva quando esta for mais rentável que as aplicações financeiras e, ainda, condicionada à uma política de acesso ao crédito, já que no Brasil a cultura empresarial não contempla arriscar sua própria poupança. O lucro por natureza sempre procura o meio mais fácil e menos arriscado, geralmente caminha na contra mão do desenvolvimento. O horizonte inflacionário de 6% para os próximos 12 meses e a taxa Selic de 14,25%aa faz com que o Brasil nesse momento pratique, talvez, o maior juro real do mundo, contrariando algumas economias modernas que buscando enfrentar a crise possuem taxas básicas negativas. Economistas acadêmicos sustentam a tese de que a pressão inflacionária que vivemos não ocorre simplesmente pela influência da expansão do crédito e aumento da atividade econômica e sim com, entre outras variáveis, as tarifas governamentais, desequilíbrio do câmbio e da balança de pagamentos. Trocando em miúdos, a redução da taxa de juros, além de impulsionar a economia não causaria impacto significativo à inflação. Partindo dessa tese nada justificaria essa taxa absurda de juros a não ser a remuneração de papéis. A questão é que apenas elevadas taxas de juros não são suficientes para confirmar o sucesso do rentismo, é preciso compromisso com a “austeridade fiscal” para garantir que não haja calote. Está aí o “crime” perfeito! Manutenção de altas taxas de remuneração do capital especulativo combinada a um superávit construído à custa da destruição da pouca experiência que tivemos com políticas públicas de bem estar social.
Esse receituário que antes existia por uma imposição do FMI e agora pelo sequestro ideológico das nossas instituições é completamente atrasado e nocivo. A preocupação real se resume em manter a qualquer custo a saúde fiscal do governo para que sejam cumpridos os compromissos com o capital vadio. A consequência pratica é o agravamento do desemprego, quebradeira e estagnação econômica que já vem ocorrendo desde que a Presidenta Dilma ao ganhar as eleições de 2014 abriu mão da agenda progressista e adotou a dos seus adversários.
Mudar o roteiro exige uma reflexão sobre a concepção de Estado que queremos. O Estado não pode ser apenas um voyeur dos acontecimentos, não pode se eximir da responsabilidade de corrigir distorções e impulsionar o desenvolvimento. O bem estar coletivo tem que estar acima do interesse de poucos, então, definitivamente, o Banco Central não é lugar para banqueiros. Existe uma promiscuidade inegável nessa relação que foi em maior ou menor grau alimentada pelos governos do PSDB e do PT e se escancara agora com o PMDB. Os interesses são extremamente conflitantes. Qualquer política econômica que priorize o lucro através do rentismo e não tenha como objetivo proteger o valor social do emprego e da renda representa um retrocesso. A busca por um novo modelo que associe a menor taxa de inflação possível tendo como meta o pleno emprego torna-se imperativo para uma sociedade mais justa e equilibrada. Precisamos de um novo projeto de Nação que rompa com as políticas neoliberais que emperram o País e sentenciam nosso povo ao subdesenvolvimento.
*Maurício é engenheiro civil
Conterrâneos, Como é bom viver do serviço público, e nos cargos eletivos e de confiança são ainda melhores. Vocês já…
Valeu brother obrigado!
Fico triste e desanimada por realmente na ter perspectiva de melhora no governo municipal de Valença.
Valença nunca se desenvolve, só entra aproveitadoras, todos aí se beneficiaram da vaca leiteira
Valença atrasada por décadas desses sangsugas